29 de março de 2024
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APICULTURA

Perdas de abelhas ameaçam exportações de mel

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Os números são expressivos: de janeiro a setembro deste ano, o Brasil já exportou quase 21 mil toneladas de mel, faturando nada menos do que 93,4 milhões de dólares. Em todo o ano de 2016, as exportações chegaram a pouco mais de 24 mil toneladas, com um faturamento de 92 milhões de dólares. O maior importador foram os Estados Unidos. A informação é do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.

O mel é o mais importante produto apícola da pauta de exportação  brasileira. De Norte a Sul do País, a produção de mel é uma atividade que se mantém firme. Em 2016, segundo o IBGE, o Brasil produziu quase 40 mil toneladas. Cinco estados ficaram no pelotão de frente: Rio Grande do Sul (6.283 toneladas), Paraná (5.992  toneladas), Minas Gerais (4.906  toneladas) e São Paulo (3.642  toneladas). O Piauí ficou em sétima posição com 3.048 toneladas.

Mas o  desaparecimento das abelhas, fenômeno que ocorre hoje em todo o mundo, e que assusta cientistas e apicultores, pode mudar a posição de destaque do Brasil no ranking  dos produtores e exportadores de mel. O  pesquisador Bruno Souza, da Embrapa Meio-Norte, acha que o sinal de advertência está ligado e que a situação é preocupante para toda a cadeia apícola.

“As próximas gerações vão sentir muito os efeitos da redução das abelhas, se não for feito alguma coisa para reverter essa situação”, alerta Thiago Gama, gerente-geral da empresa Wenzel’s Apicultura, instalada no município de Picos, a 307 quilômetros a Sudoeste de Teresina.

A Wenzel’s Apicultura  é uma das importantes do setor no Nordeste. Criada em 1990 pelo paulista Arnaldo Wenzel, a empresa exportou em 2016 cerca de 200 toneladas de mel, faturando mais de 20 milhões de reais. Para este ano, a expectativa do gerente é que as exportações superem 2016. Gama lembra que a atividade apícola é essencial à vida, “pois com ela acontece a polinização das plantas”.

Ele raciocina como a maioria dos cientistas que procura encontrar as causas do problema denominado Desordem do Colapso das Colônias (DCC): o uso indiscriminado dos agrotóxicos nas lavouras, o desmatamento e as mudanças climáticas.

O DCC é caracterizado pela rápida diminuição de abelhas operárias em uma colônia, afetando diretamente a produção de mel, própolis, pólen apícola e geleia real. O administrador citou como exemplo, já comprovado em testes de laboratório, o herbicida Glifosato como um dos mais nocivos às abelhas.

Um trabalho de fôlego para buscar soluções para o problema, será desenvolvido de 16 a 18 deste mês,  em Teresina, durante o Simpósio sobre Perda de Abelhas no Brasil. O evento, que é uma realização da Embrapa Meio-Norte, Sebrae e Ministério do Meio Ambiente e acontecerá no auditório Bristol Grande Hotel Arrey, na zona leste da capital do Piauí, reunirá cientistas brasileiros, norte-americanos, franceses e australianos.