18 de abril de 2024
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Beef Nobre vai fechar as portas e pode ser arrendado pelo grupo JBS-Friboi

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O grupo JBS, que controla o mercado frigorífico no Brasil e esta semana se tonou a maior empresa capital privado do país, com receita líquida anual de R$ 120 bilhões, está, segundo fontes, negociando o arrendamento do frigorífico Beef Nobre, de Campo Grande.

Conforme informações obtidas com exclusividade pelo MS Notícias, a JBS pretende arrendar o frigorífico para mantê-lo fechado, prática conhecida no mercado que tem como objetivo diminuir a concorrência, o que gera, indiretamente, monopólio.

A reportagem procurou pelo proprietário do frigorífico, Reginaldo da Silva Maia, 54, para confirmar a venda. A informação da diretoria da empresa é que Reginaldo está viajando e retorna à Capital apenas na próxima semana. Segundo funcionário administrativo da empresa Tiago dos Santos Pereira, a diretoria se recusou a conceder entrevista, mas informou que, de fato, o Beef Nobre encerrará as atividades dia 14 de abril, por tempo indeterminado. Tiago garantiu que os 400 funcionários estão cumprindo aviso.

Reginaldo é um dos investigados da Operação Labirinto de Creta, da Polícia Federal, que desarticulou um dos maiores esquemas de lavagem de dinheiro e sonegação fiscal do Mato Grosso do Sul, estimado em prejuízo de R$ 200 milhões.

De pequena empresa familiar para monopolizador do mercado da carne nacional

Um frigorífico nascido no interior de Goiás em 1953 e desconhecido até a década passada, a JBS hoje monopoliza o mercado de carne frigorífico é, hoje, é a principal empresa de abastecimento de carne bovina do país. Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, a indústria é responsável por 37% dos abates, segundo informações do Rural Centro.

A crítica contra as estratégias de mercado do grupo JBS vem da Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigoríficos) que ressalta que a empresa vem eliminando ano a ano a concorrência ao comprar frigoríficos menores e depois mantê-los fechados.

?A expansão da empresa se deu em razão das suas aquisições financiadas pelo grupo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Mais de R$8 bilhões de dinheiro público foi investido no grupo nos últimos anos. A injeção bilionária do banco estatal deu fôlego para a empresa adquirir novas ações e plantas, e monopolizar o mercado da carne no país.

Com o controle de frigoríficos, sua planta industrial se propagou pelo país. Hoje, a empresa dita política de preços, e com isso força baixas muito aquém dos elevados custos da produção agropecuária. O resultado disso é o fim das atividades nos pequenos frigoríficos que não conseguem rendimento.

Nos últimos anos, a JBS vem adquiridos frigoríficos em todo Brasil, e muitas das transações foram realizadas sem terem sido devidamente notificadas junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica que em abril de 2014 determinou que a empresa comunique o Conselho sobre qualquer operação de compra de frigoríficos durante 30 meses para garantir fiscalização das ações.

A decisão é uma medida para evitar o monopólio do mercado e garantir que os preços pagos pelo grupo JBS pelos frigoríficos adquiridos ou arrendados sejam coerentes com valor de mercado. 

Segundo o Cade, entre as 13 operações aprovadas em abril de 2014 da JBS, oito não foram notificadas ao Cade dentro do prazo legal, o que resultou na aplicação de multas por intempestividade no valor de R$ 7,4 milhões.