24 de abril de 2024
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"O Câncer é só mais um obstáculo na vida", diz Leni Cordeiro

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A campanha Outubro Rosa que é realizada no mundo todo, com objetivo de estimular mulheres entre 40 e 69 anos a se prevenir, fazendo o exame mamográfico para a prevenção do câncer de mama tem início hoje e segue durante todo o mês de outubro, com ações de conscientização sobre o diagnóstico precoce e os riscos da doença.

O MS Notícias inicia a partir de hoje uma série de reportagens especiais sobre o câncer de mama e colo de útero abordando temas como prevenção, tratamento e diagnóstico precoce. Para começar esta trajetória, conversamos com a cabeleireira Leni Cordeiro, 48, que é um exemplo de esperança e fé na vida. Para Leni, a maneira mais eficaz de vencer o câncer é manter o alto astral.

Com um sorriso no rosto, Leni conta que demorou para descobrir a doença, pois quando os primeiros sintomas surgiram eles eram tão sutis que ela não deu tanta importância. A cabeleireia relembra que começou a sentir os seios pesarem, mas ao conversar com uma amiga, acreditou que se tratava apenas de alguns sinais de que a menopausa (período fisiológico apcós a última menstruação espontânea da mulher, em que estão encerrados os ciclos menstruais e ovulatórios) havia chegado.

“A primeira sensação estranha que eu tive, foi com 42 anos, quando meus seios começaram a pesar, comentei com uma amiga que havia sentido isso e ela falou que era porque eu tinha entrado na menopausa. Minha amiga disse que eu deveria procurar um médico para tomar hormônios e como sempre na vida, falei depois eu vou, foi o que eu fiz”, explica Leni.

Alguns anos após sentir o primeiro sintoma, Leni que é natural de Sonora – distante 351 km de Campo Grande e residia no estado de Rondônia, disse que foi orientada pelo namorado a procurar um médico, porque ele havia sentido que existia um nódulo em seu seio. “Meu namorado sentiu que eu estava com nódulo e eu fui fazer minha primeira mamografia. Mas, o médico me diagnosticou errado, ele disse que eu estava com glândula mamária infeccionada, tomei remédios por oito meses e sumiu. Mas foi ai que eu comecei a sentir dor no corpo, ter febre alta, enjoos, dor de cabeça, incomodo para trabalhar e embaixo do meu braço começou a ficar inchado e o médico disse que era distensão. Comecei a tomar remédios, foi quando o inchaço desceu para meu seio”.

Ao retornar ao médico, Leni foi diagnosticada com câncer maligno nos dois seios. Assustada com a notícia, ela manteve a calma e decidiu enfrentar a doença de cabeça erguida. “Na hora que eu descobri, eu fiquei assustada, senti um impacto forte, mas em seguida eu fiquei tranquila e resolvi lutar contra doença. Eu pensei que não adiantaria eu ter medo, porque com ele ou sem, eu teria que enfrentar a doença. Cheguei ao salão e disse que tinha uma notícia para minhas amigas, eu disse isso sorrindo, quando eu falei que estava com câncer nos dois seios, todos me olharam assustados e disseram que como eu estava falando disso com tanta calma. Eu respondi que enfrentaria a doença sem medo”.

Leni faz questão de relembrar que no momento que foi diagnosticada com câncer, tinha lindos cabelos, lisos e pintados de vermelho cereja e disse para as amigas que ficaria sem eles, mas que não derramaria lágrimas por isso, já que eles cresceriam novamente. “Não chorei porque ficaria careca, cabelos crescem novamente. Eu já chorei porque não consegui receber meu auxílio doença porque eu trabalhava por conta e não tinha carteira assinada, mas porque eu estou com câncer e porque eu teria que raspar minha cabeça, por isso eu não chorei não. Claro que eu nunca vou esquecer que no dia 15 de outubro do ano passado, o médico me disse que eu estava com câncer de mama, que era maligno e eu teria que retirar as mamas”, conta Leni.

Totalmente positiva, Leni disse que fez tratamento de quimioterapia, conseguindo diminuir o tamanho do câncer, que segundo a paciente, estava do tamanho de uma laranja grande e diminuir até chegar ao tamanho de uma azeitona. De acordo com Leni, maior do que a agressividade de um câncer, pode ser a força de vontade de cada ser humano, que acredita na vitória como ela acreditou.

“Eu fiz seis quimioterapia, que ajudou a diminuir bastante o tamanho do câncer, mas o médico sempre comenta comigo, que o melhor resultado se da por conta de que eu sou muito alto astral, eu encaro de forma positiva a doença, é apenas um obstáculo. Melhorei minha alimentação, como mais frutas, tomo mais liquido, durmo sempre bem, me acho bonita, porque a mulher tem sempre que se sentir bonita, alto astral”, diz Leni.

Ressaltando receber um atendimento fantástico no Hospital do Câncer na Capital, Leni disse que fez exames em clínicas particulares, mas todo o tratamento da doença foi feito em Campo Grande. “Eu fiz os exames e depois, como eu não tinha condições para pagar clínica particular, eu procurei o SUS (Sistema Único de Saúde) e fui muito bem atendida. Eu não tenho do que reclamar, eu tinha medo porque pessoas abaixo dos 60 anos não podem ter acompanhantes e eu tinha medo de ficar sozinha, mas aqui o atendimento é excelente, toda hora os enfermeiros vêm falar com a gente, as pessoas daqui são muito bacanas”.

Leni, que tem quatro filhas (28 anos, 25 anos, 15 anos e 11 anos) disse que seu maior estímulo para vencer o câncer é a vontade de ver seus filhos se tornarem adultos. “Eu estou ótima e meu maior motivo para vencer essa batalha é ver meus filhos que são pequenos ficarem adultos. Tenho o apoio dos meus filhos, dos meus amigos e até mesmo do meu ex-marido, não vivemos mais juntos, mas tenho o apoio dele. Enfrentamos tantos obstáculos e esse é só mais um obstáculo”.

Se declarando apaixonada por dança, Leni disse que pediu ao médico um prazo para voltar a dançar após fazer a cirurgia. “Eu falei para o médico que eu adoro dançar. Fiz a cirurgia e depois de 25 dias ele disse que eu poderia voltar a dançar. Não importa a hora que você me encontre, eu sempre mantenho essa alegria porque como falei, é só mais um obstáculo na vida”.

Para Leni, um paciente diagnosticado com câncer deve ter fé de que este é apenas mais um obstáculo que pode ser superado, basta ter força de vontade. ”A vida é preciosa demais para perder tempo com estresse, porque as mulheres ficam preocupadas que vão tirar o seio e ninguém mais vai gostar de você. Não é o fim do mundo, temos que ter vontade de viver e agradecer a Deus todos os dias por estar viva e ter a certeza de que a doença é só um obstáculo, é uma ponte que você tem que passar, um buraco que você tem que pular e assim vai indo”.

Segundo Leni, a ação da Rede Feminina de Combate ao Câncer é essencial para aqueles que iniciam esta batalha. “A Rede Feminina é de extrema importância, eu não tenho aposentadoria e se essas pessoas não existissem, como seria minha vida? Eu não teria amparo, é muito importante que as pessoas valorizem o atendimento daqui, é um atendimento fantástico”.

Assim que for diagnosticada como curada, Leni pretende morar na Capital para ser voluntária do Hospital do Câncer e ajudar pessoas, que assim como ela, estão na batalha pela vida.

Dany Nascimento