28 de março de 2024
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Dólar sobe e chega a bater R$ 3,94 com tensão comercial global

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O dólar opera em alta e chegou a superar o patamar de R$ 3,94 nesta quinta-feira (6), em dia de aversão global ao risco após a prisão de uma executiva da gigante chinesa Huawei, intensificando os temores de guerra comercial entre Estados Unidos e China poucos dias depois de um encontro histórico entre os presidentes dos dois países.

Às 15h32, a moeda norte-americana subia 0,44%, vendida a R$ 3,8870. Veja mais cotações. Na máxima do dia até o momento, chegou a R$ 3,9429.

Tensão comercial

"É negativo para a China...e se é negativo para a China é também para os países emergentes. É dólar mais forte...sugere menos exportações do Brasil", avaliou à Reuters a estrategista de câmbio do Banco Ourinvest, Fernanda Consorte.

Meng Wanzhou, vice-presidente financeira da Huawei e filha do fundador da empresa, Ren Zhengfei, foi presa em Vancouver, no Canadá, e enfrenta uma possível extradição para os EUA por supostas violações de sanções dos EUA.

A Huawei, uma das maiores fabricantes de equipamentos de telecomunicações do mundo, já enfrentou dificuldades no mercado dos EUA no passado devido a alegações de que seus equipamentos podem conter brechas de segurança que poderiam permitir um monitoramento não autorizado.

A notícia afetou as esperanças de que fossem amenizadas as tensões comerciais entre Estados Unidos e China depois da trégua de 90 dias acertada entre as partes no último sábado.

"Essa movimentação do mercado ainda é num contexto de dúvida sobre o que vai ser da guerra comercial", disse ao G1 o economista chefe da Infinity Asset, Jason Vieira. Ele comenta que ainda é cedo para saber qual o real impacto do episódio da Huawei sobre a trégua negociada no G20, mas afirma que isso serviu para adicionar ainda mais incertezas sobre o acordo em si.

"Esse fato não colabora, obviamente, é péssimo. Mas, como a China chegou a anunciar algumas coisas logo depois da prisão, fica a dúvida de que pé está o negócio, se existem temores que isso possa se estender a outras empresas", diz Vieira. "E, sabendo como é Donald Trump, a possibilidade de que tudo se altere no meio do caminho é muito grande."

Outras preocupações externas

O episódio é mais um a se somar à aversão ao risco global. Na véspera, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, já tinha dito que seria forçado a responder se os EUA saírem do Tratado de Controle de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF, na sigla em inglês), um dia depois de os norte-americanos darem um ultimato de 60 dias aos russos.

Em meio à tensão geopolítica e guerra comercial, o achatamento da curva de juros norte-americana no começo da semana também levantou preocupações sobre uma possível recessão nos EUA, destaca a Reuters.

Cenário local e atuação do BC

Internamente, os investidores estão cautelosos com o novo governo e as indefinições sobre reforma da Previdência e a cessão onerosa.

"Acho que é cedo para sabermos como será a articulação do governo, vamos ter condição de avaliar em janeiro ou fevereiro. Mas o mercado está ansioso... é mais um ponto negativo a pressionar o câmbio", disse Consorte, da Ourinvest.

O BC vendeu nesta sessão 13,83 mil contratos de swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares. Desta forma, rolou US$ 2,766 bilhões do total de US$ 10,373 bilhões que vence em janeiro.

Se mantiver essa oferta diária até dia 21 e vendê-la integralmente, terá concluído a rolagem total.

"Se a situação de fato se agravar para emergentes, o BC pode reforçar a oferta de swap", comentou Consorte.

Fechamento anterior

O dólar subiu na quarta, em meio às preocupações sobre a economia norte-americana e a guerra comercial entre Estados Unidos e China. No Brasil, as atenções se voltaram para as intenções do governo eleito de fatiar a proposta de reforma da Previdência. A moeda norte-americana avançou 0,26%, vendida a R$ 3,8681.