28 de março de 2024
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Artigo

Efeitos da crise na vida humana

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A luta diária pela sobrevivência nesse mundo dinâmico, agitado, conturbado, cheio de problemas econômicos, sociais e morais, que exige um empenho cada vez maior e mais eficiente de cada um no dia a dia, tem proporcionado problemas colaterais diversos e gravíssimos na vida do indivíduo, como o aumento de sua insensibilidade com os problemas alheios; Cegueira das coisas belas e simples existentes em abundância por todo caminho; Inércia para mover o corpo e estender as mãos a quem precisa e Incapacidade de falar, coisas amáveis, como enaltecer as boas qualidades daqueles à sua volta, inclusive em família e até mesmo de dizer e desejar ao seu próximo, com sinceridade, um simples bom dia.

Lamentavelmente se fecham em torno de seus interesses pessoais e ingressam na luta diária ignorando problemas alheios e outros interesses que não os seus.

Diante desse procedimento (quase) coletivo, muitos também ficam perdidos, sós, em meio a um tumultuado e triste caminho!

Mesmo em meio à multidão, há muita solidão! Pessoas entre nós que se sentem profundamente sós.

Pessoas em mergulho profundo na tristeza, se afogando em lágrimas imperceptíveis aos olhos e sentimentos daqueles que cuidam e olham apenas para o próprio umbigo, passam longo tempo assim e quase nunca recebem atenção devida, um ombro amigo.

Abandonados, esquecidos, menosprezados, são apenas arrolados pela roda viva da vida que transita em velocidade alta, impulsionada pelo próprio homem, na sua corrida insensível às fraquezas humanas.

A ambição no cotidiano tende a tirar a sensibilidade do indivíduo que nem sempre percebe a dor, o sofrimento, as lágrimas de seu próximo. Quando percebe e vê, não se incomoda, pois a dor do próximo não (mais) o afeta.

A cada amanhecer em que embarca  nessa rotina mecânica, robótica, insensível, lamentável e triste, sem perceber e agradecer que foi abençoado logo cedo com o Milagre da Vida, ele perde a oportunidade de cumprir com o segundo grande  mandamento de Deus a todos nós,  que é “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. O primeiro e o maior de todos, como bem sabem, é “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento”.

Não há como acreditar e obedecer ao primeiro sem, consequentemente, entender e cumprir com o segundo. Pois quem acredita Nele vê o seu próximo como seu semelhante. Consequentemente, não fica insensível aos problemas alheios e estende as mãos, mesmo com palavras de conforto e esperança,  àqueles que precisam.

Como não consolar um parente, um amigo, um colega de trabalho, ou mesmo um desconhecido na rua, que chora? E mesmo que não externe sua angústia, sua dor, seu desespero, como ignorar quando percebemos que nosso próximo não está bem?

Como não ajudar a quem precisa? A quem pede, ou não, uma palavra amiga? Não podemos e não devemos ficar inertes, impassíveis como se não fosse de nossa conta o bem-estar de nosso próximo. Na maioria dos casos, tudo o que uma pessoa nesse estado precisa é de ouvir que ela não está só. Que existe um Pai carinhoso, que ama cada um de nós e que precisamos ter fé para levantarmos e seguirmos o caminho, porque amanhã, certamente, será outro dia e tudo poderá e ficará melhor. Nosso irmão em desespero, mesmo sabendo disso, precisa ouvir isso de nós. É o mínimo que podemos fazer pelo nosso próximo.  

“Ide e Pregai meu Evangelho!”, ordenou o Senhor  a seus apóstolos, como testificam as escrituras. Um mandamento que serve e é para todos nós, que devemos agir, abrir a boca, falar, consolar e ajudar as pessoas, lhes dando esperanças e garantindo-lhes que nada, absolutamente nada, nem ninguém, está perdido. Que existe esperança. E no final, da vida de cada um de nós, o que vai realmente contar é apenas isso: - O que fiz de bom ao meu próximo para salvar-lhe a vida?

*Jornalista, Professor e Cristão SUD