A maioria dos brasileiros só faz um check-up ocular quando vai renovar a CNH, obrigatória, a cada 5 anos para motoristas com até 65 e 3 anos para quem passou dos dessa idade. A falta de acompanhamento regular de um oftalmologista  e o uso de óculos inadequados dobram os riscos de acidentes no trânsito, de acordo com o perito em medicina do trânsito, Leôncio Queiroz Neto.

O especialista explica que 85% de nossa integração com o meio ambiente se dá através da visão. Por isso, além da alteração no campo visual característica do glaucoma, quem usa óculos de grau pode ter ofuscamento, dificuldade de adaptação a diferentes níveis de iluminação, alteração na velocidade de leitura, visão de profundidade, cores e contraste.

Óculos de grau atualizados melhoram a percepção de profundidade, mas não restauram por completo todas as funções visuais. Pessoas com 50% de visão têm metade da rapidez de leitura e por isso devem estar atentas à velocidade que dirigem para evitar acidentes. 

O sol também pode se tornar um grande vilão para a visão dos motoristas. Durante o dia deve-se usar óculos com lentes fotossensíveis, que escurecem de acordo com a intensidade de luz, protegendo os olhos da radiação ultravioleta.

Para míopes que têm maior dificuldade de adaptação as mudanças de intensidade de luz, o médico diz que a solução é utilizar lentes de grau na cor âmbar que melhoram a visão de contraste. “Já fiz teste no consultório com diversos pacientes colocando uma lente âmbar na frente dos óculos de grau e a visão de contraste melhora”, afirma. 

Para quem costuma dirigir à noite a recomendação são as lentes amarelas que reduzem o ofuscamento causado por faróis. Queiroz Neto ressalta que o ofuscamento e a dificuldade de enxergar à noite também podem sinalizar início de catarata. A doença reduz em 4 vezes a visão noturna e é a maior causa de reprovação no exame de CNH para quem tem mais de pessoas 50 anos. Neste caso não adianta trocar de óculos. A única solução é a cirurgia em que o cristalino opaco é substituído por uma lente intraocular. Estudos mostram que as novas tecnologias utilizadas na cirurgia reduzem o risco de acidentes de trânsito em 50%, conclui.