18 de abril de 2024
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Durante eleição tensa 15 pessoas são mortas na Nigéria

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Homens armados mataram ao menos 15 pessoas, incluindo um político da oposição, perto de estações eleitorais no nordeste da Nigéria neste sábado, lançando uma sombra sobre a primeira disputa eleitoral genuína desde o fim do regime militar em 1999.  

O pleito é visto como a primeira eleição em que um candidato da oposição tem uma séria chance de desbancar o presidente Goodluck Jonathan, mas amplos temores de que ela possa motivar violência já estão se tornando realidade.  

Insurgentes islamitas do Boko Haram lançaram diversos ataques contra eleitores no nordeste, matando três no Estado de Yobe e mais três em Gombe, disse a polícia. Pelo menos oito pessoas, incluindo o candidato de oposição da Assembleia para Dukku em Gombe, também foram mortas por um atirador não identificado, disse um porta-voz para o Congresso de Todos Progressistas (APC, na sigla em inglês).  

Militantes do Boko Haram, que estão tentando reviver um califado islâmico na Nigéria, rejeitam a democracia. O líder Abubakar Shekau ameaçou matar nigerianos que saiam para votar.

Separadamente, atiradores mataram um soldado nigeriano em uma emboscada na cidade petroleira de Port Harcourt, no sul, neste sábado, afirmaram militares. A cidade é um reduto de apoio a Jonathan, mas tem uma longa história de violência política.

Os vilarejos de Birin Bolawa e Birin Fulani, em Gombe, constante palco de atentados do grupo jihadista que assedia o nordeste do país, foram invadidos por terroristas em diversos veículos, segundo informaram à Agência Efe fontes da polícia. Os agressores entraram em pelo menos dois centros de votação atirando contra os cidadãos e queimando as cédulas de voto. Depois, percorreram os vilarejos para queimar veículos e pediram às pessoas para que não saíssem de casa e não participassem das eleições.

"Nós ouvimos os agressores gritarem: 'não dissemos para permanecer longe das eleições?'", contou um funcionário local da Comissão Eleitoral Independente (INEC), que pediu para permanecer anônimo. "Eles colocaram fogo em todo o material eleitoral que deixamos por lá ao fugirmos", explicou.

Segundo Karim Jauro, um morador de Birin Fulani, outro ataque ocorreu às 6h15. "Como as pessoas os viram, começaram a correr, mas os homens armados abriram fogo no local de votação, matando um homem", disse à AFP. Eles também queimaram o material eleitoral.  

"Estamos convencidos de que o Boko Haram está por trás deste ataque, porque pediram às pessoas que não participassem nas eleições", acrescentou Jauro.  

Abubakar Shekau, líder do grupo armado islâmico Boko Haram, ameaçou em fevereiro interromper o processo eleitoral que considera "em desacordo com o Islã", em um vídeo postado no Twitter. "Estas eleições não vão acontecer, mesmo que nos matem. Embora já não vivamos, Alá não vai permitir", ameaçou.  

As eleições, que deveriam ter ocorrido no dia 14 de fevereiro, foram atrasadas para este sábado, de modo a tentar garantir mais segurança. Os cidadãos decidem entre Jonathan e o opositor Muhammadu Buhari.

A onda de atentados suicidas nas últimas semanas contra mercados e estações de ônibus levantam temores contra ataques aos eleitores neste sábado. A insurreição de Boko Haram matou mais de 13 mil pessoas, principalmente no norte da Nigéria, em seis anos.