29 de março de 2024
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Tragédia

Um dos pilotos da Germawings ficou preso fora da cabine, diz New York Times

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Um dos pilotos deixou a cabina do Airbus 320 da Germawings pouco antes da queda com 150 pessoas a bordo, segundo o jornal “The New York Times”. A informação, divulgada na noite de ontem, é a primeira pista concreta sobre as causas do acidente ocorrido nos Alpes franceses na última terça feira.

De acordo com o jornal americano, trecos do áudio da caixa-preto apontam que um dos pilotos deixou a cabine e não conseguiu entrar novamente.Segundo a reportagem, é possível ouvir o piloto batendo na porta para retornar, mas sem obter resposta de quem está do lado de dentro.

A reportagem cita uma fonte militar da investigação na França e diz que os dois pilotos conversaram normalmente no começo do vôo, que fazia o trecho entre Barcelona (Espanha) e Dusseldorf (Alemanha).  O áudio, então, indica que um dos pilotos deixou a cabine e não retornou. “O cara do lado de fora bate à porta delicadamente e não há resposta”, disse ao New York Times. “Ele então bate com mais força e não há resposta. Não há mais resposta”.

“Pode-se ouvir ele tentando derrubar a porta”, completou o investigador, que pediu anonimato. Apesar de dar alguma pista sobre as possíveis razões que levaram à queda do avião, as gravações também levantam mais dúvidas. “Não sabemos ainda por que um dos pilotos saiu”, disse a fonte. “Mas o que temos certeza é de que, nos últimos instantes do vôo, o outro piloto está sozinho na cabine e não abre a porta.”

As autoridades anunciaram nessa ontem que haviam recuperado os áudios da caixa-preta.

Estojo

A outra caixa-preta, porém, que registra os dados do vôo, permanece desaparecida – apenas o estojo que a envolvia foi achado. Espera – se que o matéria recuperado ajude a esclarecer o principal mistério que cerca a tragédia: por que os pilotos não emitiram alerta de emergência nem responderam a chamados do controle aéreo pouco antes do choque com a montanha?

O avião fez um trajeto repentino de oito minutos em direção ao solo, 700 km/h. Caiu por volta das 11h (7h horário de Brasília).

“O arquivo de áudio é usável”, disse Rémi Jouty, diretor da agência investigativa de aviação da França, minimizando as especulações de que o material estava totalmente danificado. Segundo ele, os elementos coletados pelos peritos descartam por ora, as hipóteses de explosão no ar ou despressurizarão da aeronave.

“Os destroços não são característicos de um avião que explodiu em vôo. Sugerem que a aeronave atingiu o solo e então se despedaçou.”

Jouty, no entanto, não quis adiantar se a análise já apontou alguma pista. “Mas estou confiante de que vamos descobrir o que aconteceu”, disse. “É difícil imaginar que um piloto levaria o avião em direção à montanha, assim como um piloto automático.”

As primeiras conclusões devem sair em alguns dias, mas a investigação pode levar meses, frisou a autoridade. O vôo fazia a rota com 144 passageiros e seis tripulantes.