29 de março de 2024
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Consciência Negra

No mês da consciência Negra ações das escolas municipais valorizam a cultura Afro-Brasileira

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Debater as questões étnico-raciais e apresentar à comunidade escolar os projetos desenvolvidos sobre a temática ao longo do ano com os alunos. Este é o objetivo das ações que escolas e Ceinfs (Centros de Educação Infantil) da Reme (Rede Municipal de Ensino) estão realizando durante a semana em alusão ao Dia da Consciência Negra, lembrado nesta segunda-feira (20), em todo o país.

Um dos exemplos foi o Ceinf “Tia Eva”, localizado em uma das mais importantes comunidades quilombolas da Capital e que organizou um dia de atividades que reuniram pais e representantes da comunidade que dá nome ao Centro de Educação Infantil. Logo na entrada, os visitantes eram recebidos com painéis de trabalhos das mais variadas disciplinas, valorizando a cultura afro-brasileira.

De acordo com a diretora da unidade, Cleidevana Maria Chagas, as apresentações são uma culminância de todos os trabalhos desenvolvidos e refletem a proposta da Semed (Secretaria Municipal d e Educação), que é a de destacar e valorizar as diferentes etnias.Nos painéis montados era possível observar desenhos, cartazes, colagens e pinturas, todas produzidas a partir de releituras de músicas e textos com temática afro-brasileira. Os 70 alunos da unidade também apresentaram danças valorizando a cultura negra. Mas uma das principais atrações foi a mesa montada com pratos típicos, que tiveram sua história e origem apresentados pelas próprias crianças. Um detalhe é que enquanto aprendiam sobre as receitas, as professoras aliavam informações de matemática, destacando as noções de quantidade e Português.

“Nossa intenção foi trabalhar a auto-estima das crianças, como no cartaz que tem fotos de personalidades brasileiras. É importante para elas verem que são representadas em todos os segmentos”, disse a diretora.

A professora Paula Ribeiro, do Pré II comenta que as ações trabalhadas durante o ano despertaram uma conscientização nas crianças e o respeito pelos colegas. “Eles aceitam sua matriz africana com orgulho e aprendem a respeitar as diferenças. Não existe discriminação porque focamos muito neste contexto de respeito”, explicou.

Para um dos líderes da comunidade quilombola Tia Eva, Sérgio Antônio da Silva, é fundamental contar a trajetória das lideranças negras para que as crianças repassem às futuras gerações, o senso de respeito. “Eu já participei de eventos com o embaixador da África, que falou da importância de mostrar a vida de personagens de origem africana. Temos que conhecer nossa história e falar dela para as crianças. Todo este ensinamento vai refletir no futuro no sentido de acabar com o preconceito”, destacou.

As ações de valorização da cultura negra também serão destaque nesta terça-feira (21), na escola do campo “Darthesy Novaes Caminha”, que irá realizar um evento com foco nos trabalhos realizados através do projeto “Beleza Negra”. Alunos do 5º ao 9º ano participarão de um desfile que vai eleger a miss e o mister Beleza Negra.

Danças afro, teatro e músicas farão parte da programação que acontecerá durante toda a tarde. A miss Beleza Negra do ano passado, Karen Recalde, vai conversar com os alunos sobre auto-estima e valorização da cultura negra.

Proposta

Através do Núcleo de Relações Étnico-Raciais e de Gêneros, a Reme desenvolve um trabalho de orientação aos professores sobre como trabalhar as questões afro-brasileiras em sala de aula, com base na lei 10639 de 2003. De acordo com a chefe da Divisão de Educação e Diversidade, Anny Michelly Brito, a Semed busca oferecer com frequência formações aos profissionais, com foco nas questões étnicas, já que  54 mil, dos 100 mil alunos matriculados em 2017 se declararam negros ou pardos.

As escolas que desejam receber as formações oferecidas pela Semed podem entrar em contato com a Divisão de Educação e Diversidade, que também orienta quanto a abordagem de questões indígenas.

O objetivo é conscientizar os professores sobre a importância de realizar atividades contínuas e multidisciplinares durante o ano todo e não apenas em datas pontuais, como o mês de novembro, quando se comemora o Dia da Consciência Negra.

Entre as principais ações desenvolvidas no setor em 2017, Anny Michelly destaca a exposição que será aberta no shopping Bosque dos Ipês, no dia 28, com telas de alunos da Reme, produzidas a partir do debate da temática afro.

Outra ação que aconteceu na Semed foi o evento “Diversidade em ação: múltiplos olhares”, que fez parte do calendário de atividades alusivas aos 118 anos de Campo Grande e levou ao público a palestra “Diversidade e diferença étnica: desafios para uma pedagogia intercultural”, ministrada pela professora Valéria Aparecida Calderoni, doutora em Educação pela Universidade Católica Dom Bosco.

A secretária-adjunta municipal de Educação, Soraia Inácio de Campos disse que valorizar as comunidades negras e reconhecer sua contribuição para a história de Campo Grande é um trabalho que deve ser contínuo nas unidades escolares. “Ficamos muito felizes em ver a tradição mantida e esta valorização através dos trabalhos apresentados, que reforçam o nosso compromisso de trabalhar pela igualdade”, concluiu.