19 de abril de 2024
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Delator de operação, 'Polaco' se apresenta à sede da PF em Brasília

Ele era o último foragido da ação ocorrida na última quarta-feira

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O último investigado da Operação Vostok, da Polícia Federal (PF), José Ricardo Guitti Guimaro, o "Polaco", se apresentou à Superintendência Regional da PF em Brasília na tarde de hoje (17). Ele era considerado foragido após não ser encontrado pelas equipes da polícia durante o cumprimento dos mandados de prisão na última quarta-feira (12). Após recuar em uma delação estadual, a defesa de Polaco já cogita novos depoimentos colaborando com a investigação, agora federal.

Conforme a comunicação social da PF, o investigado se apresentou voluntariamente às 16h. Ele está detido, em cumprimento de um mandado de prisão temporária expedido pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ). Por enquanto, não há informações sobre a transferência de Polaco para Campo Grande.

Polaco era o único alvo da Operação Vostok que continuava foragido. Ele já havia concordado em fazer delação premiada sobre os denúncias investigadas pela Polícia Federal, envolvendo o governador Reinaldo Azambuja (PSDB), que vieram a tona na última quarta-feira (12). No entanto, ameaçado de morte, ele recuou da decisão e ainda acusou de coação o promotor responsável pelo caso, Marcos Alex Vera, da 30º Promotoria de Justiça.

DELAÇÃO
No dia 20 de abril deste ano, Polaco encaminhou ao Ministério Público Estadual, Federal e à Superintendência da Polícia Federal uma ‘proposta de colaboração premiada’, conforme documentos em que o Correio do Estado teve acesso.

No documento, o corretor de gado alegava que tinha ciência das investigações que apontavam que ele seria operador de valores “em nome de autoridade que detém função pública relevante e de comando no Estado”, e que a ideia da colaboração surgia “no sentido de auxiliar os representantes do Ministério Público a identificarem os valores decorrentes de lavagem de dinheiro e outros crimes”.

Polaco afirmava ainda que tinha notas fiscais, bem como cheques e bilhetes manuscritos que indicariam com segurança a participação do chefe do executivo, Reinaldo Azambuja (PSDB), e pelo menos um dos filhos dele, num esquema de corrupção e lavagem de dinheiro, e assegurava que estava se dispondo a delatar os ex-aliados de forma voluntária.

RECUO
Quatro meses após a apresentação da proposta, já no dia 26 de julho, Polaco voltou atrás. Apresentou um segundo documento, desta vez endereçado ao Procurador Geral de Justiça de Mato Grosso do Sul (PGJ-MS) e ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), acusando o promotor Marcos Alex Vera de coági-lo a entregar o esquema. 

“Diante das insistência do promotor de que eu (José Ricardo) estaria envolvido, e que a única maneira de me ver livre da cadeia e de outros infórtunios que seguramente viriam, aconselhou-me a delatar outras pessoas. Com a  evidente finalidade de me pressionar, chegou a me fornecer cópia de parte de procedimento, por ele conduzido, onde, segundo o promotor, teria apurado ou estaria em curso, suspostas ordem de tirar minha vida através de pistoleiros contratados”, relatou o corretor.

No documento, Polaco revela ainda que de fato assinou documento se colocando a disposição para delação, no entanto, “o documento teve que ser enviado para Brasília/ DF, pois a autoridade que deveria responder sobre a suposta proposta de colaboração deveria ser a Procuradoria da República”, que até então, não havia dado nenhuma resposta.

“Não aceitei iniciar a colaboração sem que fossem oferecidas as benesses da lei. Este fato não foi bem visto pelo promotor de justiça Marcos Alex. Desde então minha vida tem sido sofrimento e de medo. Tenho recebido inúmeras ligações no sentido de que minha vida corre risco, pois pessoas querem em eliminar. Não sei se esta notícia é verdadeira ou algo inventado, mas isso passou a ocorrer depois que me neguei a dar um depoimento antes da resposta de Brasília”, declarou Polaco.