17 de abril de 2024
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Após mandar produtores esperar 60 anos para receber indenização, ministro é recebido sob protestos

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O ministro da Justiça José Eduardo Cardozo foi recebido no fim da manhã de hoje (2) sob  protestos ao chegar à Governadoria para participar de reunião com o governador Reinaldo Azambuja (PSDB), o arcebispo de Campo Grande, Dom Dimas, indígenas e demais autoridades estaduais e  representantes do governo federal.

Um grupo composto por servidores do Judiciário Federal, e representantes do Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário Federal e Ministério Público da União em Mato Grosso do Sul (Sindjufe) esperavam a  vinda do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski para reivindicar reposição salarial de mais de  50% para a categoria.

Hoje, de acordo com os manifestantes deverá ser decidido no Congresso Nacional, a manutenção ou não do veto da presidente Dilma Rousseff (PT) contra o aumento. “O projeto foi aprovado tanto na Câmara, quanto no Senado, com reajuste de 53% para categoria”, disse a servidora pública Patrícia Demarco que informou ainda que a matéria foi encaminhada em 2014 pelo ministro Lewandowski.

Celeridade

Na outra ponta, produtores rurais empunhavam cartazes cobrando celeridade para a solução dos conflitos pela posse de terra no Estado. Em um dos dizeres lia-se "CPI do Cimi, reintegração já!", que fazia menção à criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito na Assembleia (CPI) para investigar denúncias o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) sobre possíveis denuncias de financiamento de invasões de propriedades em Mato Grosso do Sul pelo órgão.

Alheio às manifestações, o ministro adentrou a sala de reuniões sem a presença da imprensa para apresentar uma proposta significativa que resulte na pacificação dos dois lados que sofrem com a morosidade explicita do governo federal. “O problema preocupa a polícia de Mato Grosso do Sul, e o Brasil. Estamos em conflito em regiões de fronteira do Estado e precisamos de apoio e solução do governo federal para retornar a paz”, disse o governador Reinaldo Azambuja momentos antes de participar do encontro que foi a portas fechadas.

Segundo o advogado Newley Amarilla, proprietário da Fazenda Cambará, em Sidrolândia informou ao MS Noticias que na última reunião ocorrida com produtores rurais, o ministro chegou até a dizer que, “se pretendemos receber o valor definido pela Justiça, temos que esperar sentados, pois irá demorar mais de 60 anos" lembra.

Comitê de Gerenciamento

Durante a sessão na Assembleia Legislativa de hoje, deputados aprovaram por unanimidade a criação do Comitê de Gerenciamento de Crise dos Conflitos Agrários, de autoria do deputado João Grandão (PT), que terá a coordenação do Exército, além de dois parlamentares, representantes da Polícia Federal, Ministério Público Federal, Funai, OAB/MS, da Assomasul e do Poder Executivo. 

A intenção, conforme o autor  da proposta é que haja uma ação conjunta envolvendo todos os poderes constituídos para que seja encontrada a melhor solução entre indígenas e fazendeiros.  “Somente com serenidade e inteligência, com a união de todos e sem os ânimos exaltados, é possível chegar a uma solução boa para ambas as partes (indígenas e fazendeiros)”, disse o deputado.