19 de abril de 2024
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Naviraí

Bazuca giratória: cassado, Gean Volpato dispara acusações contra Prefeito e vereadores de Naviraí

Todos contavam com a cassação do mandato de Gean Volpato, mas ninguém poderia supor que em seu discurso atacaria de forma tão contundente prefeito e vereadores

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O vereador Gean Volpato (PMDB) de Naviraí teve seu mandato cassado na noite de ontem (26) por 12 votos dos suplentes que assumiram o mandato após os 13 legisladores eleitos em 2012 terem sido afastados dos cargos após diante do resultado da Operação Atenas, que desmontou um esquema de corrupção na Câmara daquela cidade, prendendo dez pessoas, sendo cinco vereadores e denunciando outros oito vereadores pelos crimes de organização criminosa e corrupção, em outubro de 2014.

Mesmo não tendo sido provado qualquer envolvimento seu nas fraudes investigadas, Gean sempre temeu pela cassação. Segundo declarou ao MS Notícias na tarde de hoje (27), o vereador atribuiu o envolvimento do seu nome a partir da prisão de uma ex-namorada apanhada pela polícia com R$ 20 mil, na companhia de um assessor da Câmara Municipal, que carregava mais R$ 70 mil. Por essa ligação anterior, o promotor aventou a hipótese de participação de Volpato no crime, no entanto o assessor, em delação premiada, descartou a ligação do vereador com o crime.

“Eu namorava essa mulher, mas no calor das discussões políticas o presidente da Câmara (Cícero dos Santos – Cicinho do PT), me chamava de corno e dizia que ela tinha um caso com um funcionário da Casa, o que ela sempre negou. Como eu me candidatei a deputado federal, preferi abrir mão do relacionamento. Na véspera da eleição ela foi presa com o dinheiro e fizeram a ligação com a minha pessoa, o que depois foi desmentido conforme apurado pelo Ministério Público. A Justiça me afastou, na época, para investigar, mas a Câmara aproveitou desse fato para a Comissão Processante”, disse Volpato.

Ainda em sua defesa, Gean explica que o esquema era comandado pelo ex-presidente da Câmara, Cicinho do PT, de quem era declaradamente inimigo político.

Na sessão que cassou seu mandato, durante seu discurso, o vereador abriu a caixa de ferramentas desmascarando os vereadores que analisavam o processo de cassação. Chegou a acusar um dos vereadores de não haver pago um cheque de R$ 30 e, portanto, necessitar do cargo e do salário para resolver seus problemas financeiros. Disse mais, e acusou diversos dos parlamentares e até o prefeito de participação em festas em “Casas de Tolerância” da região, enfatizando que ele, Gean, é solteiro e nada deve, mas que tanto o prefeito quanto outros vereadores são casados e não deveriam participar desse tipo de “evento”. Um dos vereadores acusados por Gean, além de casado é religioso e tem sua trajetória política pautada na defesa da família.

O prefeito Leo Matos (Leandro Peres de Matos - PV), já havia sido apontado como envolvido nas irregularidades investigadas na Operação Atenas pelo ex-vereador Adriano Silvério (SD) que comentou a gravação de um conversa entre os então vereadores Cicinho do PT, Solange Melo e Marcus Douglas Miranda, em que discutiam a melhor forma de desviar dinheiro da Prefeitura. Silvério denunciou que havia diferenciação entre os valores das diárias pagas e que os esquemas de favorecimento lhe permitiram colocar um amigo na Câmara pelo seu apoio à candidatura de Cicinho para a presidência da Casa.

Gean preferiu poupar o prefeito, dizendo que ele entende a razão pela qual Leo Matos se envolveu no julgamento, já que o Prefeito teme a abertura de uma CPI contra a sua administração, mas não aliviou para os atuais vereadores que, segundo ele, fizeram todo um caso por ele ter recebido R$ 28 mil por 28 diárias de R$ 1 mil cada, durante um ano de mandato, no entanto muitos deles receberam R$ 16 mil por 32 diárias de R$ 500. Também relatou conversas em que alguns deles diziam que não votariam pela sua cassação, mas optaram pelo corporativismo da atual bancada e preservaram o mandato.