20 de abril de 2024
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Deputada repudia marketing negativo contra soja de MS a políticos europeus

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A deputada estadual Mara Caseiro (PSDB) repudiou nesta tarde (7) o marketing negativo que está sendo feito contra a soja produzida em Mato Grosso do Sul. Ela participou de reunião na Assembleia Legislativa com representantes do Parlamento Europeu e da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.

A comitiva veio a Mato Grosso do Sul para conhecer de perto a situação dos indígenas, sobretudo a dos Guarani-Kaiowá. Na abertura dos trabalhos, o deputado Padre João (PT-MG), presidente da Comissão de Direitos Humanos, afirmou que se sentiria realizado se os europeus voltassem para seus países com a consciência do boicote à carne, soja e Etanol do Estado que, segundo ele, estão sujos de sangue indígena.

Mara Caseiro disse estar revoltada com o fato de Mato Grosso do Sul estar sendo enxovalhado frente à comunidade européia. Para ela, trata-se de "farsa e mentira" a respeito do produtor rural do Estado.

"Me causa revolta ouvir isso, porque a soja, a carne, que com certeza todos os senhores e senhoras comeram hoje aqui em nosso Mato Grosso do Sul, não tem sangue indígena, e sim o suor do trabalhador rural, que não tem culpa dos erros cometidos no passado, e que quer também trazer uma solução para a miséria e a tristeza que hoje vemos em nossas aldeias", disparou.

Ao entregar à comitiva uma cópia do relatório final da CPI que investigou o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), da qual ela foi presidente, Mara Caseiro voltou a criticar a atuação de organizações nacionais e internacionais, além de partidos políticos, no que diz respeito à incitação de indígenas aos conflitos por terra.

"Tem muita gente ganhando com esse conflito e com a miséria nas aldeias", enfatizou.

Mara destacou que a solução para a guerra no campo é a indenização aos proprietários rurais, que compraram suas terras de boa fé e não podem ser prejudicados devido a um erro cometido pelo governo federal.

Ela defendeu ainda que essas áreas adquiridas pela União não apenas sejam entregues aos índios, mas que eles sejam donos da propriedade, como qualquer cidadão brasileiro.

A tucana também esclareceu que a maioria dos casos de violência nas aldeias envolve crimes de índio contra índio, conforme relatório divulgado pela Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública) do Estado. Para se ter uma ideia, entre os anos de 2008 e 2015, foram registrados 229 Boletins de Ocorrência envolvendo mortes de indígenas. Dos 167 casos com autoria definida, 155 tiveram índios como culpados.

"Ou seja, a maioria das mortes é cometida entre os próprios índios, fruto da desesperança e da falta de perspectiva", detalhou.

Os dados foram contestados pelo deputado Edmilson Rodrigues (PSOL-PA), que acusou a deputada de "inverter a realidade".

Mara Caseiro considerou preocupante o fato de membros da comitiva terem criticado a atuação da Polícia Federal no Estado.

"Quando se denigre essa imagem da Polícia Federal é perigoso, pois corre-se o risco de instigar o não cumprimento de leis", disse.

DELEGAÇÃO EUROPÉIA

O coordenação do grupo parlamentar europeu que visitou o Estado, o português Francisco de Assis, deixou claro que não há intenção de interferência nas questões brasileiras, mas uma preocupação com os direitos humanos dos povos indígenas.

Para eles, trata-se de um problema que suja a imagem do Brasil na comunidade internacional e que precisa ser resolvido com urgência.