28 de março de 2024
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Dilma nomeia ex-tesoureiro de campanha para a Comunicação Social

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A presidente Dilma Rousseff convidou nesta sexta-feira (27) o ex-tesoureiro de sua campanha à reeleição, o petista Edinho Silva, para ser o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.

Edinho se reuniu com Dilma na manhã desta sexta no Palácio do Planalto, onde aceitou o convite. A posse está marcada para a terça (31), às 11h.

Ele substitui o jornalista Thomas Traumann, que pediu demissão na última quarta (25) após a repercussão do vazamento de texto interno da secretaria com críticas à comunicação do governo e ao PT.

Ex-deputado estadual pelo PT em São Paulo, Edinho atualmente estava dando aulas em uma faculdade particular.

No início do ano, chegou a ser cotado para presidir a Autoridade Pública Olímpica (APO), estatal responsável pela organização da Olimpíada no Rio em 2016.

Segundo interlocutores, Edinho recusou o cargo por receio de que, com a crise entre o governo e o Legislativo, seu nome não fosse aprovado.

Durante a reforma ministerial, a presidente também chegou a cotá-lo para o Ministério do Esporte, mas precisou da vaga para acomodar o PRB.

Nesta semana, emissários do governo ofereceram ao petista o controle de órgão responsável por fiscalizar a efetivação da MP do Futebol, mas Edinho recusou novamente, argumentando que preferia se dedicar a dar aulas.

Como o comando da Secom é um cargo mais político, ele enfim aceitou o convite de Dilma para compor o governo.

CARTA AO PT

Em 11 de março, Edinho publicou uma carta aberta ao PT em que admite erros do partido e afirma que nunca os petistas estiveram "tão paralisados" diante de um cenário adverso.

Ele disse no texto que "não há novidades" na insatisfação e nas manifestações contra a presidente e o governo.

"Achávamos que a elite brasileira, insuflada por uma retomada das mobilizações da direita no continente, iria ficar assistindo nós nos sucedermos na presidência da República, consolidando o nosso projeto? (...) Achávamos que aqueles que hoje nos acusam, que também são os mesmos que armam trincheiras contra as reformas estruturais, seriam benevolentes conosco? Repito, qual a novidade?"

POLÍTICO NO CARGO

Edinho será responsável por controlar diretamente uma verba publicitária próxima a R$ 200 milhões ao ano.

Como a Folha mostrou na quinta (26), Dilma pretende manter os gastos com órgãos de mídia sob a guarda da secretaria, que tem status de ministério e também cuida da relação do governo com a imprensa e de sua comunicação interna e externa.

Com a saída de Traumann, o PT se mobilizou pela indicação de um nome mais próximo ao partido porque defende que os veículos ideologicamente identificados com a legenda recebam mais recursos da publicidade federal, em detrimento dos órgãos tradicionais de imprensa.

A indicação de um político para a Secom tinha o aval do ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil).

Nos últimos oito anos, a pasta foi comandada por jornalistas. Traumann e Helena Chagas chefiaram a pasta no governo Dilma e Franklin Martins, no segundo governo Lula.

Antes de Edinho, o último político a comandar a pasta foi Luiz Gushiken, que foi um dos ministros mais próximos ao ex-presidente Lula. Ele deixou o cargo em julho de 2005, em meio às denúncias do mensalão.

Entre 2005 e 2007, a Secom perdeu o status de ministério e a verba de publicidade ficou sob o comando do ex-ministro Luiz Dulci, que chefiou a Secretaria-Geral da Presidência na época.

A relação com a imprensa e o porta-voz, André Singer, ficaram sob o comando do gabinete da Presidência.