29 de março de 2024
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GASTOS

Eduardo Bolsonaro gasta mais de R$ 1 milhão em encontro da direita e pesselistas se dividem

Derrota da direita internacional e briga entre Bivar e Jair Bolsonaro cria 'racha' no governo

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Entre os dias 11 e 12 desse mês, ocorreu em São Paulo, a Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), essa que serviu como veículo para a promoção do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL), à substituir o pai, Jair Bolsonaro, mesma sigla. O pensamento de reinado Bolsonarista ficou claro nas falas do ministro da casa Civil Onyx Lorenzoni e também da ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves, essa que pediu união de forças para que Bolsonaro permaneça no poder por ao menos 12 anos. Eduardo Bolsonaro é quem organizou essa reunião em prol da direita, ele usou fundo partidário e segundo um grupo de deputados do PSL, foram gastos mais de R$ 1 milhão no evento. 

Havendo uma ruptura nas organizações da Direita, foi pensado entre sexta-feira e sábado um modo de explicar aos aliados sem entendimento quais os “passos históricos” e as manobras a serem seguidas. Nessa reunião apenas Eduardo Bolsonaro esteve presente, nem mesmo Jair Bolsonaro e tampouco os outros filhos figuraram no evento. 

A primeira reunião da CPAC, aconteceu em 1973 nos Estados Unidos, aproveitando a renúncia do então presidente Richard Nixon.

Apesar do Bolsonaro pai, e irmãos não estarem na reunião, sua “tropa” de influenciadores de mídias sociais e ministros alinhados, como é o caso do chanceler Ernesto Araújo e Abraham Weintraub (Educação) discursaram. Eduardo Bolsonaro, porém, foi a estrela. Serviu de mestre de cerimônias, foi chamado em coro de ‘mitinho’, distribuiu autógrafos e bateu inúmeras selfies.

A reunião encabeçada por Eduardo, teve o foco: ataques a esquerda brasileira. E além de imagens de Lula, foram expostas em um slide, imagens de Fernando Henrique Cardoso. As falas mais graves, conforme observou especialistas políticos, vieram da ministra Damares Alves. “Não podemos subestimar o cão”. “Diferentemente de nós, que temos como motivação a fraternidade, a paz, a prosperidade, as famílias seguras, eles têm outras motivações. E uma delas é encher o bolso de dinheiro.”, acusou a ministra.

Já o ministro da educação atacou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, comparando-o com doenças como Aids e vícios. “Você não morre de Aids, você morre de tuberculose. Você tem a doença oportunista, e você tem a Aids. Ninguém começa no crack, você começa na maconha. Quem abriu a porta para o Lula entrar foi o Fernando Henrique.”, apontou. 

A reunião da direita se dá em um momento em que não é mais possível disfarçar que há uma crise instalada na gestão Bolsonarista e principalmente, conforme sua tentativa de se afastar de sua atual legenda, o PSL, Bolsonaro chegou a pedir uma auditoria nas contas do partido pesselista. O presidente do partido, Luciano Bivar reagiu à altura, e afirmou que pedirá uma auditoria também — mas das contas da campanha que elegeu Bolsonaro para o Planalto. Esse ano, o PSL, deve receber R$ 110 milhões do fundo partidário e é Bivar quem controlará o montante. 

Ainda segundo deputados do PSL, outra coisa que deve ser auditada é os gastos como a reunião em questão, o CPAC, que foi paga com recursos do fundo partidário e, segundo eles, custou mais de R$ 1 milhão. A conferência foi organizada pelo deputado celebrado Eduardo Bolsonaro. 

A divisão vista não está somente entre os deputados pesselistas, há-se uma divisão entre os influenciadores digitais do presidente, até mesmo os mais conservadores vem se afastando dos governistas. O caso do jornalista Felipe Moura Brasil, diretor da Jovem Pan, este publicou reportagem na sexta-feira, falando sobre a existência do que ele chamou de ‘milícia virtual bolsonarista’.  Felipe apontou na reportagem publicada na revista Cusoé, que o assessor do presidente, Filipe Martins lidera grupo, entre eles o blogueiro Allan dos Santos e o youtuber Bernardo Kuster, esse que se organizam via WhatsApp para ataques a pessoas específicas, a exemplo de Carlos Alberto dos Santos Cruz. Felipe chama os grupo de “Blogueiros de crachá”, já que conforme a denúncia, muitos tem cargos na máquina pública.

Para ilustrar ainda mais a divisão, ou ‘racha’ no partido. No mesmo final de semana em que Eduardo Bolsonaro participava de evento para sua promoção, seu irmão, Carlos Bolsonaro, trocava insultos via Twitter, com o líder do PSL no Senado, Major Olímpio. “No hospital, após a facada, o tal Major Olímpio chorou em frente a meu pai, que me determinou foco primordial na eleição do tal. Hoje, este senhor diz absurdos sobre o trabalho que exerço”, se queixou Carlos. “És um bobo da corte!” O senador respondeu. “É compreensível a sua baixaria e desespero em defesa do seu irmão”, comentou, se referindo ao zero um, Flávio, envolvido no caso da rachadinha. O bolsonarismo cindiu em dois.

A CPAC, se fez ainda mais necessária à direita, já que neste mesmo final de semana a direita mundial sofreu uma derrota, que deve ser sentida nas eleições seguintes. A vitória da oposição centro-esquerda liderada pelo cientista político Gergely Karácsony que venceu as eleições para a prefeitura de Budapeste, a capital húngara. É a primeira derrota eleitoral de peso da onda direitista.

O resultado positivo ao cientista aconteceu pouco mais de um mês após o italiano Matteo Salvini ser driblado em sua tentativa de chegar ao poder, e na esteira da derrota judicial do premiê britânico Boris Johnson e do início do processo de impeachment de Donald Trump. Junto com Bolsonaro, formam o quarteto da nova direita, que agora é um trio, já que um deles já encontra-se 'ao solo', apontou a The Gaurdian. 

*Com informações do Meio.