29 de março de 2024
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REVELAÇÕES

Hacker: novas mensagens comprometem militares, ministros e até Bolsonaro

Invasores ainda afirmam que há um petista envolvido no ataque aos celulares dos integrantes da Lava-Jato

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Preso há 136 dias, Walter Delgatti Neto, o chefe da quadrilha de hackers que copiou e divulgou mensagens do então juiz Sergio Moro e de procuradores da República, desencadeando uma crise que pôs em xeque uma das mais importantes operações de combate à corrupção já realizadas no Brasil, deu entrevista à Veja, e falou pela primeira vez. Ele quebrou o silêncio no 6º andar do Fórum Professor Júlio Mirabete, onde funciona o Tribunal de Justiça do Distrito Federal.

A entrevista completa sai na Veja da próxima quarta-feira (18). O hacker havia sido intimado para prestar depoimento num processo que apura o envolvimento dele num caso de estelionato.

Em vinte minutos de conversa, Delgatti (também conhecido como Vermelho) que já havia comentado com colegas de cela que o material divulgado era “uma pequena amostra” do que ainda estaria por vir, pois segundo ele, o que iria divulgar futuramente envolvia não somente a Lava-Jato, mas também autoridades como o presidente da República e ministros do Supremo Tribunal Federal.

De acordo com a Veja, o homem de 30 anos não escondia a empolgação, principalmente quando falava sobre os procuradores da Lava-­Jato. E assim surgiu a primeira “amostra” sobre o “que ainda está por vir”. Delgatti contou que o grupo invadiu o celular do general Walter Braga Netto, o atual chefe do Estado-Maior do Exército e que entre mensagens encontradas, uma ligava o Exército com um assassinato. 

Netto foi o comandante do processo de intervenção da federal na Segurança do Rio de Janeiro até dezembro do ano passado. Durante o período, segundo revelou o hacker, o general teria recebido um vídeo em que um dos seus comandos falava sobre a execução sumária de uma pessoa. “Assim que eu abri, vi o homem sendo executado”, contou o hacker. Ainda de acordo com a revelação as imagens poriam a prova o executor, o próprio remetente da mensagem. Segundo o hacker, o general repreendeu seu subordinado, mas não pela morte e sim por usar o celular na ocasião.   “O rapaz matou, gravou e enviou a imagem ao general. Ele xingou. –‘Usando o celular no combate. Está ficando louco? ’ Foi isso que eu vi”, detalhou o hacker.

Netto é condecorado e tem carreira militar exemplar. Segundo a Veja, ele foi considerado militar nos Estados Unidos e coordenador de segurança durante a Olímpiada do Rio, na sequência foi nomeado   interventor no estado carioca, quando houve muitas investidas contra o tráfico, bem como muitas mortes em operações militares. Procurado pela revista Veja, o Exército informou que o “assunto é de inteiro desconhecimento”. O vídeo, de acordo com o hacker, já foi entregue à Polícia Federal.

“Tive acesso às mensagens da Cármen Lúcia. A ministra estava num grupo falando sobre a morte do neto do Lula”, diz o hacker, que considerou o comentário impróprio. Procurada, a ministra não se manifestou. A PF já apurou que, antes de estourar o escândalo, Delgatti entrou em contato com a ex-deputada Manuela d’Ávila, do PCdoB, ofereceu as mensagens e disse que o material não só comprometeria a ministra Cármen Lúcia como colocaria em liberdade o ex-presidente Lula. “Procurei a deputada porque sabia que ela era contra a Lava-Jato devido à ideologia”, contou o hacker.

Segundo a PF, cerca de 80 figuras públicas foram alvos dos ataques hackers, entre elas, o presidente Jair Bolsonaro e seus filhos. “Tive acesso ao Telegram deles”, disse. Dois celulares do presidente foram alvo de ataques, mas, como Bolsonaro não utilizava o aplicativo, não havia nenhum conteúdo disponível. No caso dos filhos Carlos, o Zero Dois, e Eduardo, o Zero Três, o hacker procurou Manuela d’Ávila e disse que havia colhido provas de ações para impulsionar mensagens de WhatsApp em favor de Bolsonaro durante a campanha presidencial. Para mostrar que não estava blefando, fotografou a tela do celular com as contas supostamente usadas por Carlos e Eduardo e enviou as imagens à ex-deputada. Segundo ele, o objetivo não era prejudicar o presidente — ao menos não naquela época. “Fiz campanha para o Bolsonaro e me arrependi depois”, disse o hacker. 

Se for condenado, Walter Delgatti poderá ficar preso pelos próximos vinte anos.

Fonte: aqui a matéria completa da Veja*.