29 de março de 2024
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CHAMANDO ATENÇÃO

Pago para "fazer barulho" diretor teatral de Bolsonaro entrega Glauce Rocha à grupo evangélico

Roberto Alvim contrata a própria mulher para trabalhar 'de graça' na Funart: documentos contradizem

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EDITORIAL - O diretor do Centro de Artes Cênicas da Funart, Roberto Alvim, que ganhou cargo no governo de Jair Bolsonaro (PSL), por ter uma especialidade: “saber levantar poeira”. Isso é, ele sabe chamar atenção da classe artística atacando, a classe reage em prol dos seus direitos duramente conquistados.

No entanto, nos cantos do Planalto, todo sabem o porquê Alvim foi o escolhido para a missão, de "ocupar" a classe que mais “atrapalha” as investidas de Jair Bolsonaro contra os direitos do cidadão e democráticos.   

A última de Alvim, consiste em “arejar” a Funarte, demitiu todo mundo, uma recontratação, sem passar pela mesa do presidente, autonomia total. Na verdade, conforme fontes do Planalto, tudo estava claro quando ganhou o cargo, sua missão lá seria “fazer barulho”, deixar a classe artística ocupada para esta não ataque a: “Reforma da Previdência”, “Pacote Anticrime” do ministro da justiça, ex-juiz federal, Sérgio Moro, “Lava Jato e suas ‘maracutaias’”, entre outras pautas. Tudo foi estrategicamente pensado. O líder do plano e cumplice da missão? Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, candidato a representante da embaixada brasileira em Washington, nos Estados Unidos.  

A nova ‘empreitada’ entregue à Alvim, é o Projeto de Revitalização da Rede Federal de Teatros, criado por ele mesmo, ou não? Mas é ele quem assina. A ideia do diretor é entregar o Teatro Glauce Rocha, no centro do Rio de Janeiro, para que seja transformado “no primeiro teatro do país dedicado ao público cristão brasileiro”.

Não atoa Bolsonaro quiz Roberto Alvim, não tão bom ator, mas até que conseguiu chorar, em episódio que disse: ter visto a carreira acabar por apoiar o presidente Jair Bolsonaro (PSL-RJ) a presidente. Ele foi efetivo ao chamar a atenção, atacou ninguém menos que a representante da arte teatral brasileira, Fernanda Montenegro. Alvim chegou a chamar a atriz de sórdida, selgundo ele, a mesma estaria “deturpando os valores mais nobres da civilização”. Na sequência, usou o argumento religioso ao ataque, pois sabia que a reação dos artistas seria imediata, e desse modo lotaria os jornais, estampando o desmerecimento a arte, empregada pelo Governo bolsonarista.

O teatro Glauce Rocha será entregue à Companhia Jeová Nissi, grupo de orientação evangélica fundado em 2000. O documento protocolado pela Funarte, agride a própria classe artística, tenta dividir a classe, em “bonzinhos” e “malvados”, ainda segundo o documento, é necessário que o governo Bolsonaro atue na área da cultura combatendo o que Alvim chamou de “marxismo cultural pela agenda progressista”.

O contratado de Jair Bolsonaro despeja todo seu rancor nos documentos anexos, ele afirma que formará espécie de “exército de grandes artistas espiritualmente comprometidos com o presidente e seus ideais”, desse modo ele chacoalha os ‘marimbondos’ e terá atenção total da classe. 

CONTRATAÇÃO DA ESPOSA

O processo também detalha a proposta de contratação da atriz Juliana Galdino, mulher de Alvim, para o cargo de diretora artística, no Teatro Plínio Marcos, de Brasília, do projeto de revitalização. Ele disse, no entanto, que desistira da contratação: segundo o diretor, por ser casada com ele, a atriz não poderia ter cargo na Funarte mesmo sem qualquer remuneração. Ela comandaria um projeto orçado em 3,508 milhões de reais. A Funarte é ligada ao Ministério da Cidadania.

Há, porém, no processo, duas indicações de que Juliana seria remunerada. Na página 17 é dito que caberia às produtoras contratadas fazer pagamentos ao diretor artístico (cargo que ela exerceria). O contrato de exclusividade assinado entre Juliana e a Flo Produções e Entretenimento – que representa a atriz – diz que a empresa poderá, entre outros pontos, acertar o “valor do cachê”.

No contrato com a Flo, registrado em cartório no último dia 11, Juliana já é citada como diretora artística do Teatro Plínio Marcos. Cinco dias depois, Alvim ratificou uma solicitação de empenho (reserva de dinheiro) para a Flo Produções no valor de 688 mil reais – a quantia corresponde à primeira parcela do contrato.

Alvim disse à Veja, no entanto, que nenhum contrato foi assinado por enquanto e nada foi recebido por qualquer produtora. “Todos os processos da Rede Federal de Teatros estão em estudo e análise”, escreveu. Para Alvim, o “o resto é pura denúncia vazia”.

Editorial de hoje, editado para alteração de autoria as 12h08.  

Fonte: Fórum