28 de março de 2024
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Eleições

Pesquisa exige nova estratégia de adversários para frear Lula

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A mais recente pesquisa sobre intenção de votos para presidente da Republica fornece ao cenário político brasileiro um tempero antecipado no que diz respeito ao comportamento dos adversários de Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com a amostragem CNT/MDA, o ex-presidente lidera as consultas para o primeiro e segundo turnos, batendo eventuais opositores como os tucanos Aécio Neves e Geraldo Alckmim, o presidente Michel Temer (PMDB), a eterna candidata Marina Silva (Rede), o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC) e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT).

A pesquisa foi realizada entre os dias 8 a 11 de fevereiro. Foram ouvidas 2.002 pessoas, em 138 municípios de 25 unidades federativas, das cinco regiões. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais com 95% de nível de confiança. Lula apresenta hoje 30,5% das intenções de votos contra 11,8% de Marina Silva; 11,3% do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ). O senador Aécio Neves (PSDB-MG) aparece apenas como quarto colocado, com 10,1%. Ciro Gomes (PDT-CE) tem 5% e o presidente Michel Temer conta com 3,7%.

A soma dos votos branco/nulo ou indecisos chega a 27,6%. Esses valores têm como base a consulta de intenção de voto estimulada, quando os nomes dos candidatos são apresentados aos entrevistados. No cenário de consulta espontânea, quando não é apresentado nenhum nome aos entrevistados, Lula também lidera com 16,6% as intenções. Neste caso, Bolsonaro aparece em segundo com 6,5% e Aécio Neves em terceiro, com 2,2%. A soma de branco/nulo ou indecisos chega, contudo, a 67,8%.

Nas simulações para um segundo turno, Lula venceria em todos os cenários: 39,5% a 27,5% contra Aécio; 42,9% a 19% contra Temer; e 38,9% a 27,4% contra Marina. Aécio empataria, dentro da margem de erro, com Marina, por 28,6% a 28,3%, mas venceria Temer, por 34,1% a 13,1%. Marina teria vitória também apenas contra Temer, por 34,4% a 16,8%. Também no segundo turno verifica-se um alto índice de eleitores sem candidato, que variam, em média, de 32% a 51% dos entrevistados, somando brancos, nulos e os que não quiseram ou não souberam responder. Jair Bolsonaro não foi incluído em nenhuma das simulações de segundo turno projetadas pela pesquisa.

VIGOR - O resultado, além de comprovar o vigor político do nome petista, obriga os estrategistas adversários a pensar uma nova e mais eficiente estratégia para abalroar Lula. Existe um imperativo inevitável e imediato: impedir que o ex-presidente continue tendo uma onda política favorável para surfar com sua pré-candidatura. Os números da pesquisa indicam que, mesmo a um ano e meio das eleições e diante de pendências judiciais de um réu em cinco processos, o favoritismo de Lula se contrapõe vigorosamente aos desgastes que sofre com a Operação Lava Jato e o massacre midiático diário.

Para o ex-governador e agora deputado federal Zeca do PT, amigo de Lula, não é preciso buscar explicações científicas complexas para entender o resultado a pesquisa. “O que está nas respostas dos entrevistados é um sentimento popular que nasceu com a trajetória de Lula, cresceu e se consolidou com as conquistas sociais de seu governo. E isso nenhum golpe e nenhuma campanha insidiosa conseguem diluir”, afirma.

Além dos méritos de Lula, os adversários já sabem que precisam lidar com uma realidade complexa de fatos que acabam favorcendo o petista. Em primeiro lugar, a progressiva queda de confiança no governo de Michel Temer. Citado 44 vezes só na primeira das 77 delações do Grupo Odebrecht à Lava Jato, Temer nomeou ministros sob suspeição e tenta emplacar uma reforma previdenciária que pode ser social e politicamente danosa.

A sociedade já começa a alimentar a desconfiança de que o processo de impeachment da presidenta Dilma Roussef escondeu a montagem destinada a aliviar a Operação Lava Jato ou mantê-la no plano da seletividade, direcionada contra o PT. Este é mais um item que estimula a opção por Lula, embora a pesquisa CNT/MDA tenha apurado oceânicos 80% de eleitores que não se decidiram em quem votar para Presidência.

AVALIAÇÕES - Clésio Andrade, ex-vice-governador de aécio Neves e presidente da CNT, que contrtou a pesquisa, é enfático: “O presidente Lula ganha hoje em todos os cenários. Se as eleições fossem hoje, facilmente seria eleito como presidente da República. Há também um crescimento bastante significativo do Jair Bolsonaro, que mostra esse nicho de pessoas que pensam de forma diferente da média”.