28 de março de 2024
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STF manda vasculhar casa de general e censura reportagem jornalística contra Toffoli

Chagas disse que “já estava esperando”

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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ordenou nesta terça-feira (16), buscas em dez endereços, para apurações sobre supostas "fake news, denunciações caluniosas, ameças e infrações", contra o supremo. A Polícia Federal (PF), foi até oito dos dez lugares, um dos alvos é general da reserva do Exército brasileiro, Paula Chagas. 

Ainda sobre suspeita, o  militar estaria difundindo mensagem, que aos olhos do STF configuram crime contra a honra dos ministros.  

 Em exclusiva ao Radar, Chagas disse que “já estava esperando” que pudesse vir a ser alvo da investigação. 

“Levaram um laptop. Foram muito gentis comigo. O delegado me ligou. Não tenho o que esconder. Sem dúvida tem a ver com as minhas postagens”, disse o general, que em 2018 concorreu ao governo do Distrito Federal aliado ao presidente Jair Bolsonaro (PSL).

De férias, Dias Toffoli é autor da abertura das investigações, ele, presidente do supremo, foi denunciado pelo site O Antagonista, através do uso de papéis oficiais do delator Marcelo Odebrecht, dono da estatal Odebrecht. Em depoimento Marcelo teria dito que, Dias Toffoli seria o: “O amigo do amigo de meu pai”. 

A reportagem foi publicada primeiro na revista Crusoé, e horas após a publicação a matéria foi tirada do ar, ordem  dada pelo ministro Alexandre Moraes, que ordenou a Polícia Federal que fosse ordenada a retirada das matérias do ar, segundo o ministro, a matéria se configurava 'fake news'. No entanto, na noite desta, segunda-feira (16), matéria apresentada no Jornal da Globo, a TV Globo, mostrou que as denúncias feitas pelos respectivos veículos de comunicação eram sim denúncias verídicas e que depoimentos de Marcelo Odebrecht com o teor da denuncia contra Toffoli haviam sido anexados ao processo da Lava Jato, mas que logo após a publicação da reportagem os documentos foram removidos, "por motivos desconhecidos", disse o repórter do Jornal da Globo. 

O inquérito aberto pelo próprio Dias Toffoli segue um formato atípico: foi aberto e é conduzido pelo próprio Judiciário, em sigilo. Indicado por Toffoli como relator, Alexandre de Moraes tem poder para determinar os rumos do inquérito, incluir e ouvir testemunhas e decidir quais mandados serão cumpridos contra quais pessoas.

Contrário as decisões do supremo, o general Paulo Chagas, publicou esclarecimento nas redes socais.  "Caros amigos, acabo de ser honrado com a visita da Polícia Federal em minha residência, com mandato de busca e apreensão expedido por ninguém menos do que ministro Alexandre de Moraes. Quanta honra! Lamentei estar fora de Brasília e não poder recebe-los pessoalmente", escreveu Chagas em sua conta no twitter.  

"A pressão popular sobre os ministros do STF está surtindo efeito. Se quem não deve não teme, por que Gilmar Mendes e Toffolli estão tão agressivos? O desespero indica que estamos no caminho da verdade! 'Sustentar o fogo porque a vitória é nossa'", comemorou Chagas.