29 de março de 2024
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Senado

Sucessão no Senado: se PSL recuar, Simone pode ter apoio governista

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A líder do MDB no Senado, Simone Tebet (MS), oficialmente ainda não confirmou sua candidatura à presidência da Casa. Ela precisaria de ao menos duas condições básicas para solicitar ao partido sua indicação: que o atual presidente do Senado, o emedebista alagoano Renan Calheiros, renuncie à disposição de tentar a reeleição, e também que o PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, convença o senador eleito Major Olímpio (SP) a retirar sua pré-candidatura.

Por causa desses ruídos a senadora pouco fala sobre suas possibilidades, que segundo a imprensa de Brasília são reais e consistentes. O portal "O Antagonista" conseguiu ouvi-la e publicou que, "por ser a líder do partido, precisa — pelo menos, por enquanto — aguardar uma decisão da bancada". Além disso, informa: "nos bastidores, porém, ela já deixou claro — ao próprio Renan Calheiros, inclusive — que está à disposição dos colegas, caso o alagoano não consiga apoio suficiente".

O caminho de Simone está em vias de ser pavimentado, até sem um esforço que lhe causaria constrangimento: a candidatura de seu amigo e colega de partido, Renan Calheiros, está encontrando sérios obstáculos e pode ficar inviável. O PSL organizou uma espécie de "frente anti-Renan" e já admitiu que uma das alternativas para barrar o senador é lançar Simone. Os governistas a consideram confiável, atuante e, sobretudo, simpática a teses que vão ao encontro do que pensa Jair Bolsonaro.

OUTROS NOMES - Além de Renan, Simone e Olímpio, outros pretendentes se apresentaram direta e indiretamente no processo, como os senadores Esperidião Amin (PP/SC), Tasso Jereissati (PSDB/CE) e Davi Alcolumbre. Havia algum fôlego nas articulações de Jereissati e Amin, mas não avançaram o suficiente. Renan ainda se desdobra em busca de apoios, mas a composição senatorial mudou muito, com a renovação de 85% nas cadeiras e representantes de 21 partidos. Na contagem das bancadas, o MDB encolheu de 18 para 12 senadores, uma baixa que não tira o peso decisivo do partido. 

Olímpio tenta fazer valer seu prestígio junto ao Planalto, postura que equivale a uma faca de dois gumes, como bem ponderou Simone: "É a única candidatura que, ao meu ver, é perigosa para o governo. Nada contra o Major Olímpio, mas a candidatura do PSL é de alguém vinculado ao presidente da República. Isso causa a impressão de que o governo federal está mais preocupado em garantir o comando do Senado do que a governabilidade”, raciocina.

A senadora completa, questionando: "Quando o PSL lança seu próprio candidato, o partido do presidente está preterindo o MDB. Os colegas se sentiram incomodados. Afinal, o objetivo da candidatura do Major Olímpio é a presidência como um fim em si mesma?” Apesar da sensatez e da propriedade desse questionamento, o Major Olímpio classificou de especulações as notícias sobre a retirada de sua candidatura. 

"Estou candidatíssimo neste momento. Não tenho problemas em retirar a candidatura, mas não sei de onde inventaram isso de que ela estaria inviabilizada. A eleição está aberta. Se for com voto aberto, passo a ter grandes chances de vencer, sim”, escreveu o político paulista no Twitter. Mas Olímpio recua, admitem governistas, se constatar que sua candidatura pode empurrar votos para Renan e acabar fortalecendo o segmento emedebista teoricamente capaz de atrapalhar Bolsonaro.