17 de abril de 2024
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Temer procura um novo ministro do Trabalho

De como se escolhe um auxiliar do presidente da República

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Bem que o ex-deputado Roberto Jefferson tentou salvar da degola sua filha Cristiane Brasil, deputada do PTB do Rio de Janeiro, nomeada pelo presidente Michel Temer para comandar o ministério do Trabalho.

Tão logo soube ontem à tarde que o Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) negara recurso do governo contra a decisão de primeira instância que considerara Cristiane inabilitada para o cargo, Jefferson procurou Temer.

Em meio a uma longa conversa no gabinete presidencial do Palácio do Planalto, Jefferson advogou em favor da filha, exaltando os seus méritos. E, lá para as tantas, formulou um apelo a Temer:

– Por que o senhor não fala com a ministra Cármen Lúcia?

Temer foi rápido na resposta:

– Não vou falar. Ela foi muito dura comigo quando suspendeu parte do indulto de Natal que dei aos presos.

Como presidente do Supremo Tribunal Federal e ministra de plantão durante as férias da Justiça, caberá a Cármen Lúcia dar a palavra final sobre a sorte de Cristiane. É o que deverá fazer hoje.

Então Jefferson jogou a toalha. Saiu do Palácio do Planalto convencido de que nada mais poderia fazer por Cristiane. Foi dormir com a certeza de que Cármen Lúcia confirmará a decisão do TRF2.

Antes, porém, sofreu o constrangimento de bancar o anfitrião do jantar que encomendara ao Hotel Nacional para celebrar a posse da filha que deveria ter ocorrido à tarde.

Esperava o comparecimento de 200 pessoas. Pelo menos 170 estavam em Brasília. Compareceram cerca de 30. Jefferson passou a noite fingindo que estava tudo bem. Cristiane brindou e circulou em todas as rodas.

A mais nova e estrepitosa trapalhada do governo Temer teve início quando ele decidiu nomear para o Ministério do Trabalho o deputado Pedro Fernandes (PTB-MA).

Consultou Jefferson e outros líderes do PTB que abençoaram a nomeação. Esqueceu de consultar o ex-presidente José Sarney (PMDB), adversário político de Fernandes no Maranhão. Sarney vetou a nomeação.

O veto foi aceito por Temer, que assim se justificou em confidências a amigos: “Devo muito a Sarney, viu?”

A pedido de Temer, o ministro Moreira Franco, da Secretaria da Presidência, telefonou para o deputado Benito Gama (BA), presidente do PTB, perguntando se ele aceitaria o cargo.

Benito respondeu que sim, desde que o seu não fizesse parte de nenhuma lista de nomes a ser submetida a Temer. Garantiu que nesse caso uniria o PTB em torno de sua indicação.

Mas Jovair Arantes (MT), líder do PTB na Câmara e fiel aliado do governo, vetou o nome de Benito porque seu candidato ao cargo era outro. Foi quando Temer chamou Jefferson para uma reunião no Palácio do Jaburu.

Partiu de Temer a sugestão do nome da filha de Jefferson para ministra do Trabalho. Jefferson viu ali a chance de resgatar o protagonismo político que perdera com o escândalo do mensalão. Cristiane topou a ideia. Aí…

Bem… De tão recente, o resto é história conhecida. Que começou com Temer à procura de um ministro do Trabalho. E que continua com ele à procura da mesma coisa.