16 de abril de 2024
Campo Grande 24ºC

'PÉ DE GUERRA'

Tentando blindar filho e aparelhar milícias, Bolsonaro cria guerra com órgãos federais

Bolsonaro quer indicar nome sugerido por advogado que defendeu Flávio no caso da rachadinha no Rio

A- A+

EDITORIAL -  A rachadinha na Assembleia do Rio pode gerar frutos. Jair Bolsonaro está em pé de guerra com a Procuradoria Geral da República, com a Receita Federal e também com a própria Polícia Federal, o Presidente sugeriu que deverá indicar um nome “heterodoxo (que contraria padrões, normas ou dogmas estabelecidos)” ao comando do Ministério Público. Esse, Antonio Carlos Simões Soares, sugerido pelo advogado do filho, Flávio Bolsonaro. O Advogado defendeu Flávio no caso da ‘rachadinha’ na Assembleia do Rio.

EspecialistaS disseram a Folha de São Paulo, que se o nome de Soares for rejeitado pelo comando do MPF, esse se fragmentará em brigas entre líderes e dará início ao que anotadores de plantão chamam de ‘guerra do ego’. 

Já a Polícia Federal manobra papeladas para mostrar a Bolsonaro que não há linhas de investigação entre sua família a milícia carioca. No entanto Bolsonaro disse que o superintende da PF, Ricardo Saadi, agia em sintonia com quem lida com as vasculhadas: sigilos telefônicos e fiscais já haviam sido quebrados, todos eles desovados durante buscas pelos autores do assassinato da vereadora do Psol Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, executados no Rio das Pedras no Rio de Janeiro. 

Bolsonaro por sua vez diz que a PF investigar seu filho, Flávio, não é linha de busca pelo autor e sim, apenas para atingir sua imagem. O próprio ministro da Justiça, Sergio Moro, já brigou com Bolsonaro por conta do assunto, Moro a favor de que deixe a investigação correr e Bolsonaro contra, isso acabou em discussão a uma semana atrás no Palácio do Planalto, como revelou Igor Giolow, jornalista da Folha de S. Paulo.

O afamado Lauro Jardim, jornalista do O Globo, discorreu sobre o tema. “Não sei se o Bolsonaro está consciente disso, mas ele está comprando briga contra um time de profissionais”, disse nessa segunda-feira (19).

O caso é que o superintendente da PF nunca foi escolhido por presidentes, já que o órgão é independente. A briga entre Bolsonaro e a cúpula da PF no Rio começa nesse episódio. Segundo o Estadão, caso o Presidente insista em querer escolher o nome, o órgão irá reagir.

PONTA SOLTA 

E tem o Queiroz. Documentos obtidos pelo repórter Hudson Corrêa ligam os fluxos irregulares de dinheiro no gabinete de Flávio.  

A ação de Jair Bolsonaro levanta suspeitas em várias instâncias. Em Rio das Pedras o ‘fio solto’ é Raimunda Veras, mãe do ex-capitão da Polícia Militar, Adriano Magalhães da Nóbrega, suspeito de ser comandante de milícias.  O esquema descoberto, Raimunda atuava como uma espécie de assessora do filho Zero Um, Na conta de Fabrício Queiroz eram depositados R$ 4,6 mil, do salário de R$ 6,4 mil que Raimunda recebia do filho de Bolsonaro. 

Raimunda foi exonerada em 14 de dezembro de 2018. Com isso, empreendedora ela abriu uma pizzaria em Rio Comprido, no Rio de Janeiro. No mesmo local onde funcionava a pizzaria, havia outro CNPJ registrado, conforme as investigações da PF, o segundo CNPJ estava no nome de líderes de milícia no subúrbio carioca. Neste mesmo bairro, as investigações da PF detalham que Raimunda teve outro restaurante, entre 2016 e 2017, em frente ao antigo restaurante havia uma agência do banco Itaú, local onde Queiroz realizou 17 depósitos totalizando R$ 92 mil. Nesta mesma época, o Capitão Adriano, que também é dono de restaurante na mesma região da mãe, recebeu uma Medalha Tiradentes, principal comenda da Alerj, quem entregou a medalha? O deputado estadual Flávio Bolsonaro. 

O tragédia administrativa para proteger o filho pode causar um terremoto na cúpula da PF. De auditores fiscais a servidores de recepção estão dispostos a deixar a Receita Federal caso Bolsonaro queira substituir por indicados particulares os responsáveis pelas delegacias da Alfândega da Receita no Porto de Itaguaí e também da RF no Rio de Janeiro.  “Não há nada mais grave para um país em déficit fiscal”, pôs em nota o Sindifisco, “do que um governo que fomente crises no próprio órgão responsável pela fiscalização e arrecadação de tributos.”

O delegado de Itaguaí terá hoje uma reunião com o superintendente do órgão do Rio. Não pretende entregar seu cargo, conta Chico Otávio. Itaguaí é uma região cercada por milícias, porto de escoamento de drogas e chegada de armas. Os auditores não compreendem o porquê da mudança e enxergam tentativa de aparelhamento aos grupos milicianos.