28 de março de 2024
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Editorial

Todos querem e desejam o melhor, mas Olarte não pode deixar de ser Olarte

Duas frases ditas por Lula, cabe bem ao atual contexto se fossem ditas por Gilmar Olarte: “Nunca antes na história deste país” e “Há centenas de empregados à minha volta que nem sei o que estão fazendo.”

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A primeira retrata o anseio de toda Campo Grande. Nunca antes na história deste país, uma Capital desejou tanto que um prefeito acertasse em alguma coisa, uma apenas que fosse:

O(s) mentor(es) da articulação que o levou ao poder, para que caísse(m) num desejado esquecimento e deixasse(m) de ser(em) responsabilizado(s) pela desarmonia, desmando e desgoverno;

Os vereadores para que – alguns chegaram ao extremo da vexatória exposição e se retiram das sessões quando requerimentos de explicação foram apresentados – evitem esfarrapadas desculpas que devem entrar para o anedotário popular muito em breve; além de arcarem com todo o peso e pecha de defensores do indefensável que têm assumido;

Seu grupo de amigos, talvez até para evitar que a justiça se faça;

A Justiça para evitar a nódoa que lhe maculará de forma perene;

A população para que tenha o retorno de seus impostos, uma vez que a Cidade afunda em todos os setores.

A segunda, Há centenas de empregados à minha volta que nem sei o que estão fazendo , é óbvia demais, mas ainda merece um questionamento:

Se o prefeito Gilmar Olarte (defenestrado do PP e sem conseguir guarida em qualquer outro partido entre os trinta e tantos que pululam naquele tira e põe de placas de aluguel) repete constantemente, a cada desmando cometido e a cada nada que sequer é feito, que a prefeitura está falida, então por que tantas e tão constantes nomeações? Se não há trabalho a fazer para que gente para não-fazê-lo?

A incompetência do secretariado é tanta que fazem evento e criam até campanhas publicitárias para anunciar que vão fazer o serviço que nada mais é que a mera obrigação da gestão pública. Beirou o ridículo tanto estardalhaço para anunciar que a Secretaria de Infraestrutura, Transporte e Habitação (Seintrha), fará limpeza, cascalhamento, tapa-buracos, retirada de entulhos, pintura de meio-fio e de faixas, sinalização e iluminação das diversas regiões da Capital. O anedotário popular diria: “Nossa, como eu pude viver até hoje sem essa informação?”.

Até quem trabalha, faz errado. A Guarda Municipal acredita que é pouco exercer suas funções constitucionais e resolve atuar como uma polícia militar mal ajambrada e incompetente, assumindo ares de “otoridade” para uma autoridade para a qual sequer têm competência. Mas, afinal, guardar o quê? Ceinfs que estão com obras paradas? Não. Como um arremedo da guarda pretoriana, investem contra a população que ousa cobrar o atendimento decente dos serviços públicos. Frequentam mais as páginas polícias como agente de desordens do que como protetores do bens públicos. E multam, ou tentam, para inflar o ego de um Sargento Garcia tupiniquim, mas não menos caricato.

E, ainda que não caiba à população fazer requerimentos solicitando informações – e mesmo que coubesse não passaria pelo crivo dos seus defensores cegos, surdos e mudos, mas não tolos – de para onde foi o dinheiro de Campo Grande?

A Comissão Processante da Câmara, não cassou o mandato de Alcides Bernal porque ele desapareceu com o dinheiro da prefeitura. Se o dinheiro desapareceu em seu pouco mais de um ano de mandato, a Justiça já deveria ter se pronunciado e Bernal teria sido obrigado por lei a ressarcir os cofres públicos e/ou cumprir pena de detenção. Nada disso se deu e, no caso de Bernal a Justiça foi cega.

Bem, se não isso, onde foi parar o dinheiro? Todo ele está sob o asfalto da única via recapeada por Olarte, a Avenida Guaicurus? Estará perdida das fissuras – e não buracos – tapados pelas empreiteiras que prestam des(serviço)? Foi aplicado na reforma do Centro Pediátrico Municipal, alugado meses antes de ser reformado por servidos e com dinheiro público? Talvez na passagem de volta da primeira-dama, que nada tinha a fazer de '‘oficial’' em Brasília – depois da “carona” no jatinho de empresário dono de empresas que prestam serviços para o município?

Para a Santa Casa, também não foi, o prefeito se recusou em renovar o contrato do maior hospital de Campo Grande e do Mato Grosso do Sul, e o MPE (Ministério Público Estadual) instaurou inquérito civil, que tende a, como outros, não dar em nada graças, talvez, ao corporativismo da Justiça sul-mato-grossense que tem estranhos melindres em bulir em vespeiro defendido por zangões tão afeitos à corte.

Uma parte é sabida que está pagando o salário de mais de mil comissionados contratados por Olarte, boa parte deles irmão de fé e de templo, que tendo engrossado seus rendimentos, engrossam também o dízimo do Igreja cujo senhor não é Deus, mas o próprio prefeito.

E a população teme, por fim, que as verbas federais que insistentemente dizem que já está depositada, que está para chegar etc., caso existam de fato, sejam meio-utilizadas para dar uma aparência de serviços prestados, e que o próximo prefeito consiga evitar a falência definitiva desta Capital, se ainda houver. Como está, e se vier a falir, quem sabe ela ressurja sob a denominação de Campo Grande da Nova Aliança.