17 de abril de 2024
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Uma questão de análise

O que aconteceu com a intimidade?

O que aconteceu com a intimidade?

Quem nunca ouviu um avô ou avó dizer: “se alguma coisa boa acontecer com você, não conte para ninguém, viu? Guarde só para você para evitar olho gordo”. Trata-se de um conselho que não combina muito com os tempos de internet e redes sociais. Anunciamos, com muito prazer, não somente as vitórias já conquistadas como também aquelas que poderão vir, que apontam num horizonte não tão distante, ou que simplesmente começaram a ser planejadas. “Save the date”, “vem coisa boa por aí”, “em breve eu conto mais sobre esse projeto”. Isso não significa que nossos pais ou avós estivessem errados quanto à forma mais correta ou o momento mais adequado a se comunicar algo de importante ou significativo em nossas vidas, mas apenas, que se trata de mais um dos sinais de que os valores da “intimidade” foram transformados.

Em primeiro lugar, nossa contemporaneidade fez implodir o valor da intimidade como segredo e confidencialidade. Assim, as câmeras deixaram de ser companheiras de viagem, que registravam os lugares diferentes e os momentos notadamente públicos, ou seja, momentos de ruptura (aniversários, comemorações, eventos sociais e grupais) e passaram a registrar o cotidiano, o igual, a vida diária. Elas invadiram as casas, a registrar o “prato do dia”, o “exercício que está pago”, o “look para o trabalho” e o que mais tivermos para hoje. Sabemos da rotina de pessoas que mal conhecemos acompanhando suas “publicações”, sem invasão, mas através de seu próprio convite a ocuparmos um olhar externo.

Em segundo lugar, mudamos o nosso sentido de dever, de prestação de contas de nossas vidas em relação aos outros. E sim, sentimos necessidade de informar a quem possa interessar que relacionamentos sérios iniciaram ou terminaram, que mudamos de emprego, de cidade, de posição em relação à política ou outras paixões.

Em terceiro lugar, transformamos o lugar do outro, tornando-o tanto mais presente quanto indeterminado. Ou você sabe o nome de todos os seus seguidores e seguidoras? Podemos falar com eles sem que nenhum se configure como existência singular, individual. Beijos, “seguimores”, inscrevam-se no canal e ativem o sininho para mais atualizações, não que para isso tenhamos que manter um modo de comunicação que verdadeiramente nos particularize. O outro lado desse movimento é a criação dos haters e dos seguidores engajados, ou superfãs, como aqueles que conseguem se presentificar através de afetos agudos e repetidos (seja o ódio, seja o amor).

Por fim, substituímos o critério da espacialidade (“os de casa”, os familiares e os “como da família”) pela função do engajamento. Íntimo, nessa nova cartografia, não é que em está mais próximo, mas quem está mais afinado e aderido às situações que compõem a nossa vida, atravessada pelo olhar público das redes sociais. Uma face desses novos tempos é a multiplicação de amigos e amigas que dividem as dificuldades do cotidiano vivendo a quilômetros de distância ou, em alguns casos, nunca sequer tendo se visto pessoalmente.

Obviamente, isso não faz com que a intimidade hoje seja melhor ou pior vivida, que seja mais ou menos intensa. Mas, mudam os tempos, mudam também as formas de circulação dos afetos e dos sentimentos. É, minha querida avó, os tempos mudaram, e com eles surgiram novas formas de caminhar de mãos dadas.

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