28 de março de 2024
Campo Grande 23ºC

IBGE | PNAD

Auxílio elevou em 23% proporção de casa que receberam outros programas sociais

Benefício entra no grupo de "outros rendimentos", que alcançou taxa histórica desde 2012

A- A+

Com o Auxílio Emergencial, o número de domicílios que recebiam outros programas sociais cresceu 23% no ano passado, saltando de 0,7% em 2019 para 23,7% em 2020, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua: Rendimento de todas as fontes, divulgada hoje (19.nov.2021) pelo IBGE.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a proporção de lares que recebiam Bolsa Família caiu quase que pela metade, baixando de 14,3% para 7,2%. 

Alessandra Scalioni é analista da pesquisa e aponta que a redução se dá, em parte, porque uma parcela dessas famílias passou a receber o Auxílio Emergencial. 

“Se um beneficiário do Bolsa Família recebia um valor menor do que Auxílio Emergencial, ele passava a receber esse auxílio.  Então houve uma migração de pessoas que recebiam Bolsa Família para a rubrica do Auxílio Emergencial”, explica.

No mesmo período, também caiu o número de domicílios que recebiam o Benefício de Prestação Continuada (BPC-LOAS), para pessoas com deficiência ou idosos sem meios de se sustentar, passando de 3,5% para 3,1%. 

Confome agência IBGE Notícias, a presença desse benefício era maior nos domicílios do Norte (5,0%) e do Nordeste (4,5%), assim como a do Bolsa Família: 12,9% e 14,2%, respectivamente. Cerca de 32,2% dos domicílios do Norte e 34,0% do Nordeste recebiam rendimento de outros programas sociais, principalmente Auxílio emergencial.

“Historicamente, Norte e Nordeste sempre receberam mais Bolsa Família e outros programas sociais do que as outras regiões. Além disso, as ocupações das duas regiões estão mais ligadas aos setores de serviços e comércio e, durante a pandemia, foram esses segmentos que dependem de clientes que mais sofreram. Então elas tiveram o mercado de trabalho muito afetado”, afirma a pesquisadora.

Parte da rúbrica "outros rendimentos", o Auxílio Emergencial foi colocado ao lado de ganhos de aplicações financeiras, seguro-desemprego, seguro-defeso e outros programas sociais como o Bolsa Família. 

Com isso, "outros rendimentos" atingiu a maior proporção dessa categoria desde 2012, início da série histórica da pesquisa, atingindo 7,2% na participação do rendimento domiciliar per capita. No ano anterior à pandemia, a marca era de 3,4%. 

O rendimento de todos os trabalhos compunha 72,8% do rendimento domiciliar per capita em 2020. Os 27,2% restantes se dividiam, além de outros rendimentos (7,2%), em rendimentos de aposentadoria ou pensão (17,6%), aluguel e arrendamento (1,5%) e pensão alimentícia, doação ou mesada de não morador (0,8%).

A categoria outros rendimentos foi a única a crescer nessa comparação. “Houve uma combinação de fatores. O mercado de trabalho sofreu bastante com a pandemia. Por causa do distanciamento social, alguns setores que dependiam de movimentação de pessoas, como o setor de serviços, foram ainda mais afetados. O trabalho em si perdeu espaço. Isso explica a perda da participação do rendimento de todos os trabalhos, que cai de 74,4%, em 2019, para 72,8%, em 2020”, ressalta a analista da pesquisa.

“Por outro lado, há o pagamento do Auxílio Emergencial, o que fez com que os outros rendimentos ganhassem participação na composição do rendimento domiciliar per capita. Mas o rendimento do trabalho continua sendo a principal fonte de renda dos domicílios”, complementa. No Norte, a participação de outros rendimentos aumentou de 5,1% para 12,5%, enquanto no Nordeste foi de 5,5% para 13,7%.

A proporção de pessoas que tinham outros rendimentos atingiu 14,3% em 2020, o que representa 30,2 milhões de pessoas. É a primeira vez, desde o início da série histórica da pesquisa, que esse percentual superou o dos que recebiam Aposentaria e Pensão (12,4%). No Norte (17,5%) e no Nordeste (19,7%), os percentuais dos que recebiam outros rendimentos ficaram acima da média do país