24 de abril de 2024
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Despesas Pessoais e Habitação impactam inflação de junho na capital

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A inflação de junho de Campo Grande, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor de Campo Grande (IPC/CG), foi de 0,42%, segundo o Núcleo de Pesquisas Econômicas (Nepes) da Uniderp. Apesar de menor que o registrado em maio (0,73%), o indicador é o maior da série histórica para o mês de junho desde 2008, quando chegou a 0,74%.

“Há oito anos não tínhamos uma inflação tão alta para o período. Com isso, a inflação acumulada em um ano continuou a crescer, atingindo 9,47% e sinalizando que a inflação em 2016 pode não encerrar o ano no patamar de 7%, como espera o governo”, explica o coordenador do Nepes da Uniderp, Celso Correia de Souza.

Os responsáveis pela inflação de junho foram os grupos: Despesas Pessoais, que teve aumento médio de 2,80% na maioria dos seus produtos e serviços, e contribuição para a inflação de 0,25%; Habitação, que sofreu elevação de 0,41%, em média, e contribuição para a inflação de 0,13%; e Vestuário, que registrou acréscimo de 0,90% e contribuição de 0,08% para a inflação. O grupo Educação permaneceu estável e os grupos Alimentação, Transportes e Saúde tiveram pequenas deflações em seus índices e pequenas contribuições negativas.

Inflação acumulada

A inflação acumulada nos últimos doze meses em Campo Grande aumentou para 9,47%, acima do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 6,5% e do centro da meta, de 4,5%. O índice, que estava com tendência de queda de fevereiro a abril, voltou a crescer em maio, fato que pode atrapalhar os planos do governo, mas segundo Celso Correia,

“a melhora do clima pode favorecer a produção de hortifrutícolas e a inflação do grupo Alimentação pode contribuir para a queda da inflação geral na cidade. O arroz, o feijão e o leite são os produtos que mais preocupam neste momento, devido à elevação de preços, que impacta o bolso do consumidor e colabora com a inflação geral”.

Neste período, as maiores inflações acumuladas ocorreram com os grupos: Alimentação, que registrou 15,71%; Educação, com alta de 12,13%; e Despesas Pessoais, com aumento de 11,68%.

Nos seis primeiros meses do ano, a inflação acumulada de Campo Grande foi de 4,84%. Os maiores índices, por grupo, foram: Educação, com 10,20%, Despesas Pessoais, com 7,05%, Saúde, com 6,65% e Alimentação, com 6,25%.

Maiores e menores contribuições

 

Os dez “vilões” da inflação,em junho, foram:

 

Cabeleireiro (corte e tintura), com inflação de 10% e contribuição de 0,15%;

Sapato feminino, com inflação de 14,31% e contribuição de 0,07%;

Leite pasteurizado, inflação de 5,76% e participação de 0,07%;

Batata, com variação de 13,36% e colaboração de 0,04%;

Aluguel apartamento, com acréscimo de 0,60% e contribuição de 0,04%;

Gás em botijão, com aumento de 1,11% e participação de 0,04%;

Aluguel de casa, com variação de 0,53% e colaboração de 0,03%;

Cigarros, com acréscimo de 3,21% e contribuição de 0,03%;

Arroz, com reajuste de 2,01% e participação de 0,03%;

Feijão, com elevação de 4,42% e colaboração de 0,02%.

Já os 10 itens que ajudaram a reter a inflação no período, com contribuições negativas, foram:

 

Alcatra, com deflação de -4,93% e contribuição de -0,07%,

Gasolina, com redução de -1,50% e colaboração de -0,05%;

Paleta, com diminuição de -7,86% e participação de -0,04%;

Mamão, com decréscimo de -38,94% e contribuição de -0,04%;

Contrafilé, com baixa de -3,99% e colaboração de -0,02%;

Acém, com diminuição de -2,43% e participação de -0,02%;

Cebola, com redução de -15,02% e contribuição de -0,02%;

Sandália/chinelo feminino, com decréscimo de -3,92% e colaboração de -0,02%;

Amaciante de roupas, com queda -2,81% e participação de -0,01%;

Bermuda e short feminino, com baixa -3,82% e contribuição de -0,01%.

Segmentos

Em junho, o grupo Habitação teve alta de 0,41% em relação ao mês anterior, motivada principalmente pelo aumento nos produtos de limpeza da residência.Os itens que mais sofreram majorações de preços foram: cera para assoalho (2,15%), máquina de lavar roupa (1,72%), esponja de aço (1,64%), entre outros. Quedas de preços ocorreram com: amaciante de roupas (-2,81%), álcool para limpeza (-1,57%), vassoura (-0,75%), entre outros.           

Diferente dos meses anteriores, o índice de preços do grupo Alimentação apresentou ligeira deflação de -0,04%.  Segundo Celso, tal comportamento não ocorria desde agosto de 2015. “Isso representa um bom sinal para o controle da inflação, pois o grupo era o grande responsável pelo aumento do índice inflacionário da cidade”,explica o pesquisador. Apesar da queda, foram registrados aumentos nos preços dos alimentos, como: batata (13,36%), presunto 8,76%, fígado 6,20%, entre outros. As principais reduções ocorreram com os seguintes produtos: beterraba (-29,50%), melancia (-23,37%), cebola (-15,02%), entre outros.

Dos 15 cortes de carnes bovina pesquisados pelo Nepes da Uniderp, apenas quatro deles sofreram aumentos de preços. São: fígado (6,20%), lagarto (2,60%), costela (1,92%) e músculo (0,25%). As quedas de preços ocorreram com: paleta (-7,86%), alcatra (-4,93%), contrafilé (-3,99%), vísceras de boi (-3,98%), patinhos (-3,18%), coxão mole (-2,51%), acém (-2,43%), picanha (-2,39%), peito (-2,25%), filé mignon (-1,62%) e cupim (-1,52%).   

Para o coordenador do Nepes da Uniderp, Celso Correia de Souza, esse comportamento representa que “a oferta de boi gordo aos frigoríficos está melhorando, pelo menos nesse início de entressafra de carne bovina. A seca, que já está prejudicando as pastagens, está contribuindo para que o pecuarista tire os animais do pasto e entregue-os ao frigorífico, evitando, assim, a perda de peso dos animais”.

O professor ainda explica que a atual crise econômica também tem sido apontada como uma das vilãs do segmento. “Com menos dinheiro no bolso, o brasileiro está tentando economizar como pode. Cálculos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) apontaram que cada consumidor no país adquiriu, em média, 30,6 kg de carne bovina, em 2015, o que correspondeu a uma queda de 8,4% em comparação a 2014. Esse fato também mostra que a demanda por carne bovina está diminuindo no país”.

No quesito ave, o frango congelado teve queda de -0,71% e miúdos de frango aumento de 0,99%. Em relação à carne suína, todos os cortes pesquisados tiveram aumentos de preços: costeleta suína (3,45%), bisteca suína (2,67%) e pernil (2,28%). “Levando se em conta os preços das carnes de frango e suína, abaixo da metade do preço médio da carne bovina, está existindo uma migração do consumidor de carne vermelha para esses dois tipos de carnes”, contextualiza o professor.          

O grupo Transportes registrou queda de -0,20%. Os maiores aumentos ocorreram com: diesel (0,52%), automóvel novo (0,48%) e passagens de ônibus intermunicipal (0,11%). Quedas de preços foram identificados com ônibus interestadual (-2,12%) e gasolina (-1,50%).Já o grupo Educaçãoapresentou estabilidade e fechou com índice de 0%.

Principal responsável pela inflação de junho, o grupo Despesas Pessoais sofreu alta de 2,80%. Alguns produtos e serviços deste grupo que tiveram aumentos de preços foram: cabeleireiro (corte e tintura 10%), creme dental (5,91%), absorvente higiênico (3,99%), cigarros (3,21%), entre outros.

Com relação ao grupo Saúde, o resultado foi diferente de maio, quando foi um dos principais responsáveis pela inflação devido à alta dos medicamentos. Em junho o índice apresentou uma ligeira queda de -0,07%.

Já o grupo Vestuário sofreu alta, e fechou em 0,90%. Os maiores aumentos de preços ocorreram em produtos como: sapato feminino (4,31%), camiseta feminina (3,92%), camisa masculina (2,50%), entre outros. Redução de preços ocorreram com sandália/chinelo feminino (-3,92%), bermuda e short feminino (-3,82%), lingerie (-0,72%), entre outros.

IPC/CG

O Índice de Preços ao Consumidor de Campo Grande (IPC/CG) é um indicador da evolução do custo de vida das famílias dentro do padrão de vida e do comportamento racional de consumo. O IPC busca medir o nível de variação dos preços mensais do consumo de bens e serviços, a partir da comparação da situação de consumo do mês atual em relação ao mês anterior, de famílias com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos. A Uniderp divulga mensalmente o IPC/CG.