19 de abril de 2024
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'Não está tudo bem' com a inflação no país, admite Dilma

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Em jantar de mais de quatro horas com jornalistas na noite de terça-feira (6) no Palácio da Alvorada, a presidente Dilma Rousseff reiterou que a inflação está sob controle, mas reconheceu que "não está tudo bem" em relação aos preços.

Em uma defesa enfática de sua política econômica, a pré-candidata do PT à reeleição chamou de "ridícula" as críticas mais pessimistas sugerindo que o país entrará em uma crise a partir do ano que vem e prometeu que não haverá aumento de impostos.

"É absurda essa história de o Brasil explodir em 2015. É ridículo. Pelo contrário, o Brasil vai bombar", afirmou.

Na conversa, com 10 jornalistas mulheres de alguns dos principais veículos de mídia impressa e TV do país, a presidente negou que a inflação explique o mau-humor da população, que em pesquisas de intenção de voto vem demonstrando preocupação com o cenário econômico.

"Tem uma coisa que explica o mau humor, que é a comparação entre taxa de crescimento de bens e taxa de crescimento de serviços", disse.

Argumentou que a população sempre demanda por melhores serviços, mas que estes dependem de investimentos de longo prazo, que não teriam sido feitos em nível suficiente no passado, segundo ela. Dilma citou como exemplo os aeroportos.

A petista alfinetou, ainda que sem citar nomes, seus principais adversários na corrida presidencial. Sobre Aécio Neves (PSDB), que nos últimos tempos vem defendendo a necessidade de um maior rigor fiscal e chegou a reconhecer que, se eleito, tomaria decisões impopulares, ela afirmou: "Tem gente dizendo que tem medidas impopulares. Tem que ter cuidado para que medida impopular não se transforme em medida antipopular".

Já sobre Eduardo Campos (PSB), que recentemente defendeu uma meta de inflação menor que atual, de 4,5%, ela disse: "Aí vem uma pessoa e diz que a meta de inflação é 3%. Faz uma meta de inflação de 3%... Sabe o que significa? Desemprego lá pelos 8,2%. Eu quero ver como mantém investimento social e investimento público em logística [com meta de 3%]. Não segura fazer isso".

Apesar de o governo ser acusado pela oposição de manobrar para evitar a instalação de CPI para investigar a Petrobras, Dilma ontem negou temer a investigação no Congresso.

"Não tenho temor nenhum de CPI. Não devo nada, o governo é de absoluta transparência".

Ela afirmou, porém, não ter dúvida de que há componente político na comissão, focado em atingi-la.

A Petrobras está no centro de uma polêmica desde que a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, passou a ser questionada e investigada.

A presidente disse ainda não se arrepender de ter afirmado que não teria aprovado a compra de Pasadena se soubesse da cláusula contratual hoje considerada lesiva à estatal e que foi omitida do parecer técnico entregue ao Conselho da Petrobras na época da decisão da compra.

"Não me arrependo, não falei nada que eles já não soubessem", disse, acrescentando: "Portanto, é uma tolice meridiana dizer que todos os contratos tem isso [a cláusula polêmica], disse ela.

Para Dilma, a omissão destas cláusulas no resumo que baseou a compra da refinaria pode ter sido "um equívoco", mas não ato de má-fé.

"Até onde eu sei, não teve má-fé [por parte da diretoria]. Pode ter equívoco, mas não teve má-fé".

Sobre o movimento pelo "Volta, Lula", conclamando que o ex-presidente a substitua nas urnas, a petista afirmou que nunca teve este tipo de conversa com ele e que sua relação com Lula é "mais forte do que se imagina".

"Tenho certeza que o Lula me apoia neste exato instante", afirmou.

Agência UOL