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CULTURA | BRASIL

"Zé Celso é a mãe do teatro-circo no Brasil", dizem precursores

São 44 anos passados desde que o AbrAcAdAbrA encontrou Zé Celso

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Os precursores do teatro-circo no Brasil se conectaram na Academia Piolin de Artes Circenses, a primeira escola de circo do Brasil e da América Latina, em São Paulo, no final dos anos 70. Essa reportagem original está no TeatrineTV

À época, a prática híbrida era estranha ao teatro e não era bem recebida nos circos de lona. Apesar disso, o dramaturgo e ator Zé Celso, ofereceu o espaço do Teatro Oficina como 1ª morada da nova linguagem. 

“Ninguém queria nossa proposta. O Zé Celso abrigou essa trupe de homens e mulheres cabeludas, um bando de maluco que estava se arriscando. Ele olhou generosamente para nós e ali deu a oportunidade de que nascesse no Brasil a prática do teatro-circo”, considerou Breno Moroni, de 68 anos, em uma conversa exclusiva com a reportagem do TeatrineTV. 

Anteriormente, contamos a história individual da carreira de Breno Moroni aqui. Agora, falaremos sobre o grupo pioneiro de teatro-circo fundado por Breno e outros colegas, alunos da academia Piolin: o AbrAcAdAbrA.

SURGIMENTO DO ABRACADABRA

Breno Moroni e Luiz Ramalho. (Aquivo: auto retrato com palhaços... Te-ato Oficina - 1980). Foto: Ennio BraunsBreno concluiu os cursos de teatro e cenografia (1971 a 1976), na Escola de Teatro do Rio de Janeiro (F.E.F.I.E.R.J). Em 1976, ele foi para Europa em busca de especialização. No exterior, se deparou com algo até então não visto, a mistura do teatro e circo a outras várias linguagens. Ao retornar para o Brasil em 1979, Breno ingressou na Academia Piolin, levando consigo o paulista Luiz Ramalho, que na época dividia apartamento com Breno e estava envolvido em movimentos estudantis, lutava contra a repressão militar e havia feito teatro amador na periferia de São Paulo. 

“Eu achei aquela ideia maravilhosa, poxa uma escola de circo, peguei e fui com ele e já me inscrevi junto. Aí, a gente entrou nessa escola de circo e eu me fascinei por essa linguagem, principalmente, pela influência do Breno, que já vinha com essa linguagem de teatro e circo desses movimentos que estavam acontecendo no mundo inteiro”, introduziu Luiz, que hoje aos 60 anos, é ator, circense e produtor cultural na Capital paulista. 

O palhaço que aparece sozinho segurando uma galinha é o Luiz Ramalho.

A compreensão de que havia um movimento global em torno do teatro-circo, para Luiz, está em um campo energético, espiritual. “Não sei te explicar, acho que é um fenômeno mágico que acontece no mundo inteiro. É que nem Rock, todo mundo começa a tocar Rock aqui, acolá, e daqui a pouco: uow! Rock’n Roll! Na nossa época, assim — se você comparar, todos os grupos eram muito parecidos — porque o mesmo movimento estava acontecendo na Europa, na Austrália com circo Oz, com Cirque du Soleil lá no Canadá, na França, que era esse tipo de misturar técnicas circenses com teatro de absurdo, com intervenções urbanas ocupando todos os espaços possíveis numa multilanguage moderna, irreverente e revolucionária”, considerou.

1980 - Grupo Abracadabra derrotando o General Catintin.Dentro da Piolin, Breno e Luiz, uniram-se a Fernando Cattony, Malu Morenah, Marly Silva e Verônica Tamaoki, todos alunos da nova academia. Desses, a única que não integraria o AbrAcAdAbrA formamente é Tamaoki.

Malu Morenah deitada e a Verônica Tamaoki apoiada de joelho. O palhaço com figurino de losangos, que está de pé jogando malabares, é o Breno Moroni. Foto: Arquivo

Logo, o coletivo começou a ocupar as ruas e praças com suas apresentações híbridas. Numa das apresentações, na Rua dos Ingleses, em frente ao Teatro Ruth Escobar, a turma da Piolin foi vista pelo diretor teatral Olney Nogueira de Abreu, também formado na F.E.F.I.E.R.J. “Um dia, no Ruth Escobar, eu olhando lá para baixo e vi uma movimentação na rua. Aí eu olho no palco, tem um carinha no palco fazendo circo. Era um pessoal da Escola Piolin De Artes Circenses. O pessoal que fazia curso de circo lá montou um grupo chamado Come Terra... Fui ver a apresentação, tô olhando a apresentação e, de repente, o cara sai do palco e me dá 'um tapa na cara'. Aí eu olhei bem, era o Breno, que eu não via há tempos, ele tinha feito escola de teatro comigo. Fizemos alguma coisa na escola de teatro e ele estava lá em cima. O Breno fazendo circo, jogando malabares”, reviveu Olney Nogueira de Abreu, que hoje aos 70 anos, mora em Vargem (SP). 

Veja a continuida dessa reportagem no TeatrineTV