28 de março de 2024
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Ameaça de integrante do PCC leva Emha a paralisar obras em loteamento

Suspeito tem várias passagens e ameaçou arquiteto de morte

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Ameças feitas por um suposto integrante da facção criminosa Primeiro Comando da Capital a arquitetos que trabalhavam no canteiro de obras do Loteamento Bom Retiro, levou a Agência Municipal de Habitação a suspender as obras no local, por tempo indeterminado, em Campo Grande. O suspeito seria um dos beneficiários da moradia popular e já foi preso por suspeita de matar um agente penitenciário.

Arquiteto, de 39 anos, procurou ontem a 2ª Delegacia de Polícia, onde informou que tem como função principal acompanhar as obras e sua execução. Conforme o boletim de ocorrência, no local funciona como um canteiro de obra escola, que visa ensinar pessoas moradoras da região na execução da obra.

Ainda conforme o arquiteto, cada profissional tem um número específico de alunos, sendo que ele, ontem, um dos alunos, identifiado como Rafael Gomes  Gonçalves, 30 anos, estava distante do grupo, em local indevido e, por este motivo, foi solicitado que ele retornasse ao grupo e voltasse a trabalhar.

Depois dessa solicitação, o suspeito ficou descontrolado, foi em direção ao arquiteto e o ameaçou de morte dizendo: “Eu vou te matar. Estou cheio de pó na cabeça e irei explodir sua cabeça”, fugindo em seguida.

De imediato, foi solicitada a presença a presença da Guarda Municipal, que foi até o local, enquanto o arquiteto foi até a delegacia.

Diretor-presidente da Emha, Enéas Netto, disse ao Correio do Estado que outro professor teria sido ameaçado no canteiro no mesmo dia e, por estes motivos, foi determinada a paralisação das obras no local.

“Elas [obras] foram paralisadas em um primeiro momento, em decorrência da gravidade desta ameaça e por uma questão de proteger não só os servidores, mas da situação temerária em que ficam as famílias, não posso estar colocando a vida de inocentes em risco”, disse.

Ainda segundo Enéas, o suspeito é morador da região e foi desligado das atividades na obras. “A grande questão é que não estamos tratando apenas do desligamento por não corresponder ao trabalho, estamos desligando uma pessoa que efetivamente ameaçou dois professores em canteiro. É uma problemática, como vou deixar um professor no canteiro sob ameaça”, acrescentou o diretor-presidente.

A suspensão das obras ocorreram ontem, assim que houve a denúncia. A Emha irá se reunir com a Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) para definir quais medidas podem ser tomadas no caso. Não há prazo para retorno dos trabalhos.

CRIMINALIDADE

Rafael Gomes Gonçalves tem várias passagens pela polícia e é acusado de liderar ações criminosas. Ele também foi acusado de envolvimento no assasinato do agente penitenciário Hudson Moura da Silva, 34 anos, ocorrido em outubro de 2011.

Segundo informações divulgadas na época, o motivo do crime seria porque agente surpreendeu Gonçalves no momento em que ele tentou entrar no presídip com três aparelhos de telefone celular, maconha e pasta-base de cocaína. Os celulares eram de sua propriedade, mas a droga seria de Adriano José Lopes Moura (31 anos), também conhecido por "Barão".

Na oportunidade, Hudson efetuou a apreensão, o que causou a revolta dos envolvidos, que passaram a ameaçá-lo de morte.

De acordo com testemunhas, alguns dias depois, chegaram dois homens em uma motocicleta, um deles Rafael Gomes Gonçalves, o qual fez vários disparos de arma de fogo contra o agente  Há suspeitas de que o outro motociclista seria Adriano, o mandante do crime.

Rafael também já cumpriu pena por furto, no Centro Penal Agroindustrial da Gameleira, em regime semiaberto.

LOTEAMENTO

As unidades habitacionais no loteamento Bom Retiro são erguidas pelos próprios moradores, que são qualificados através do programa Ação Casa Pronta e recebem salário pelas edificações.

O programa oferece, desde o ano passado, capacitação especializada no segmento da construção civil para que os 140 moradores da antiga comunidade Cidade de Deus construam suas casas em regime de mutirão. O curso é oferecido pela Fundação Social do Trabalho (Funsat).

No total, 39 residências já foram edificadas no programa, sendo 15 delas concluídas na primeira etapa, em novembro de 2018. Em março, prefeito informou que aproximadamente 300 habitações ainda serão erguidas no loteamento.

As obras não têm data para finalização, já que o andamento é conforme a aprendizagem dos participantes, observando ainda, as condições climáticas necessárias para a continuidade dos trabalhos. ?