19 de abril de 2024
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"MARCADOS PARA MORRER"

Ameaçado, promotor do MPMT faz curso na SWAT e tem "arsenal" em casa

Reportagem do Domingo Espetacular, da Record, mostra rotina de Mauro Zaque, considerado um dos promotores mais linhas duras de MT

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Na casa do promotor Mauro Zaque, do Ministério Público de Mato Grosso, foi revelado um verdadeiro arsenal. As armas seriam para proteger a família, segundo reportagem que foi ao ar neste domingo, pelo programa Domingo Espetacular, da Rede Record, onde é revelado também que Zaque faz curso de tiro, na matéria, Zaque é considreado um dos promotores brasileiros que está "marcado para morrer". 

"Aqui o promotor se sente em casa. Mostra intimidade com um arsenal que raramente se vê em homens como ele", diz a reportagem. 

Durante aula, o programa mostra Zaque treinando com um fuzil M4, usado por quadrilhas de grandes assaltantes e pelo Exército norte-americano, em outro corte, o promotor manuseia uma calibre 12 semi-automática, também de grande poder de fogo. As armas e uma pistola "ponto 40", estão na residência do promotor.

Ele disse que já precisou usar das armas para fazer a defesa pessoal. "Em vários lugares. Conforme o ambiente que vou com a equipe de segurança, estamos fazendo uso da carabina calibre 12 e do próprio M4", afirmou o promotor, que como membro do Ministério Público tem direito ao porte de arma.

Além do treinamento para utilizar a arma, Zaque realizou cursos que visam garantir sua segurança. Um deles, é o segurança na SWAT, unidade de polícia especializada nos Estados Unidos. "Eles sempre falam uma coisa: nunca desprezem a intuição. Por exemplo, as vezes você um carro onde tem duas pessoas e sente algo diferente", relatou.

FAMÍLIA

A rotina cercado de seguranças afeta na relação do promotor com a família. A esposa dele, Adriana Zaque, disse que foram várias as vezes em que ficou incomodada com a rotina cautelosa. "Não tem como você sair com duas crianças, ir pro shopping, com três homens junto de você e não ser notada né".

Uma das filhas dele, Gabriela Zaque, contou que sempre teve vontade de morar em casa, mas por conta da cautela em torno do pai, isso nunca foi possível. "Sou apaixonada em cachorro, quis ter vários. Mas isso nunca aconteceu porque não pudemos morar em casa, só em apartamento", lamentou.

Zaque contou que o fato dos apartamentos possuírem mais segurança que as casas sempre pesou na escolha da residência. Todavia, a situação gera incômodo, além da família, nos próprios vizinhos. "Já tive vizinho, por exemplo, que trocou de carro para não ter o mesmo modelo e a mesma cor que o meu".

Ele pontuou que a situação afeta todos os tipos de relacionamentos que possui. Os próprios amigos "se afastam" dele. "Uma vez fora de Mato Grosso fiquei sozinho no carro com segurança e seis amigos foram sozinhos em um carro pequeno para não andarem no mesmo carro que eu por medo".

AMEAÇAS 

As ameaças contra Zaque ocorrem desde que ele começou a atuar como membro do Ministério Público Estadual. No começo, atuou no combate ao contrabando na região da fronteira. Agora, é responsável por investigar outros tipos de criminosos, os do "colarinho branco".

Ele disse que constantemente recebe informações de grupos planejando tentar contra sua vida. "A gente tem toda uma rede de informações ou pessoas anônimas que ligam falando para tomar cuidado, que a organização está contratando pistoleiro em tal lugar".

Até mesmo atentados a bomba contra ele já chegaram como ameaças. "Já falaram que estavam buscando explosivos fora, para promover atentados. Enfim, a gente tem que se precaver, nos cercar de todos os cuidados porque a gente não pode avaliar de forma plena até onde essas ameaças são verdadeiras ou não".

GRAMPOLÂNDIA

Mauro Zaque ganhou destaque nos últimos anos por combater crimes de "colarinho branco". Uma das últimas denúncias de destaque surgiu por conta de sua atuação como secretário de Segurança Pública do Estado, na gestão de Pedro Taques (PSDB): o esquema de grampos ilegais no Estado, denominado "grampolândia".

"Essa denúncia envolvia o primeiro escalão do Governo, o então comandante da Polícia Militar, e outras autoridades que tinham o poder na mão", explicou.

A reportagem lembra que o governador à época, Pedro Taques, foi informado por Zaque sobre o esquema, mas não tomou providências. "Passado um determinado período, eu não vislumbrei nenhuma providência, eu mesmo representei o Procurador Geral da República para que tomasse conhecimento e adotasse as providências para apurar este evento criminoso".

A reportagem afirma que, por conta deste episódio, recebeu intimidações de pessoas ligadas aos envolvidos no esquema. "Entenderam que era importante reforçar a segurança para mim enquanto isso estava transcorrendo", assinalou o promotor.

Zaque, porém, está a dois meses sem segurança institucional. Todavia, a cada 15 dias, o procedimento é reavaliado. 

Contudo, ele detém um agente de confiança que faz sua segurança sempre que necessário. "Com certeza, eu daria minha vida pela dele", garantiu o agente que preferiu não ser identificado.

Fonte: FolhaMax