25 de abril de 2024
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Repórter especial

Apesar da crise, indústria do caráter vem ganhando força

"Especialista fala sobre a orfandade"

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Mãe solteira 

Tatiane Ajala de 32 anos, traduz tipicamente o retrato de muitas mães, teve como base uma criação religiosa, meio pelo qual conheceu o pai de seu hoje filho “Nícolas”, que com 7 anos de idade.

A relação de namoro seguiu aparentemente como muitos outros, porém após o casamento Tatiane notou um comportamento com certo distúrbios, o que para ela era um simples descontrole, mas aos olhos da lei era crime de cárcere privado, pois seu ex-marido após as discussões segundo ela a trancava dentro de casa.

Um ano e quatro meses após o casamento descobriu que estava grávida. “eu parecia uma menina que tinha aprontado com um paquera e tinha tido uma gravidez não desejada, mas eu queria sim o bebê falo pelo susto, pois eu já não sentia segurança em meu casamento”.

Segundo Tatiane aos três meses de gravidez tiveram pequena discussão, onde o esposo mostrou total descontrole, foi quando começaram a aparecer as primeiras ameaças de violência. Aflita a jovem ainda esperava mudança por parte de seu então marido, que a essa altura já havia ameaçado Tatiane de morte.

No seu sétimo mês de gravidez descobriu que estava sendo traída e já não queria mas manter-se casada, foi quando nesse mesmo dia recebeu uma ameaça do seu ex-companheiro com uma faca, que logo em seguida usou de violência corporal agredindo Tatiane que mesmo grávida teve sua cabeça e costas machucadas.

Depois do registro de boletim de ocorrência baseado na lei “Maria da penha” houve então a separação oficial.

“O pai do Nicolas nunca ajudou na criação dele, no dia da audiência do divórcio ele disse: coloca sem visitas não tenho interesse na criança”, declara emocionada.

Tatiane se enche de orgulho ao dizer que cria seu filho sem o pai, “ele é amoroso super inteligente, com sete anos está na terceira série, ele lê desde os cinco anos” fala referindo-se a seu filho.

O que Tatiane talvez não imagine é que seu filho Nícolas está propício a ter diferenciais espetaculares, como os filhos de várias mães existentes mundo afora.

A mudança se dá primeiramente no desenvolvimento do caráter de superproteção aos que estão em sua volta.

Resultados exemplares 

Celebridades como BONO VOX  (vocalista da banda U2), referência quando o assunto é paz mundial, ganhador de prêmios importantes entre eles o NOBEL DA PAZ EM 2008, os rappers: EMICIDA E PROJOTA que incentivam multidões da periferia no Brasil e no mundo, sem falar é claro do famoso 50 cents que faz um trabalho social magnífico na áfrica, jogadores de futebol, enfim, todos eles foram criados com a falta de mãe ou pai, isso tem uma explicação.

A profissional 

De acordo com a psicóloga Avany Cardoso Leal (psicóloga clínica e professora universitária) isso não ocorre por um acaso, ela explica que a orfandade de qualquer gênero deixa marcas profundas, e o que ocorre é uma identificação, muitas vezes inconsciente, que leva o indivíduo a ter princípios que trazem a posições sociais nas quais permitem ajudar e entender o pensamento humanitário. “Como se a pessoa se resgatasse através da ajuda para o outro, como uma forma de cicatrizar suas próprias feridas”.

Ela ainda explica que devemos levar em consideração, que a pessoa que acompanha o filho (pai ou mãe) tem o dever de observar muito o comportamento durante a formação de seu caráter, pois a idéia de super proteção formada no pensamento da criança pode deixá-la exposta a situações de perigo por ser vulnerável a circunstâncias do mundo.

“o material para construção de um caráter sólido, está nas migalhas que a vida lhe proporciona, migalhas são pequenas partes do que chamamos de resto”, resto é aquilo que descartamos? (pergunta o repórter).  “Não, resto é indústria do caráter”, finaliza a especialista.