28 de março de 2024
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Com salários atrasados, médicos da Santa Casa entram em greve

"As contas da Santa Casa são uma caixa preta", diz representante da Amesc/CG

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Com salários atrasados, médicos da Santa Casa de Campo Grande entrarão em greve a partir das 7 horas da manhã da próxima segunda-feira (17/12), e reduzirão a escala de atendimentos até que o pagamento seja regularizado. 

Representados pela Associação dos Médicos da Santa Casa de Campo Grande (Amesc/CG) e Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul (Sinmed/MS), a categoria decidiu pela paralisação durante assembleia do corpo clínico do hospital, na noite da quarta-feira (12/12).

A decisão é resultado do não pagamento da remuneração aos médicos celetistas, autônomos e pessoas jurídica que prestam serviços à Santa Casa. Alguns profissionais estão sem receber há pelo menos cinco meses, enquanto outros tiveram os salários parcelados, mas não receberam valores integrais.

Os médicos continuaram trabalhando mesmo com os salários atrasados, e se reuniram com a direção do hospital para tentar resolver a situação, mas não tiveram sucesso.

Ao mesmo tempo, a Santa Casa nega aos médicos acesso ao sistema que controla o faturamento da produção. “Seria uma forma de o médico saber se o serviço que ele realizou confere com a remuneração paga pela Santa Casa. Mas nem isso podemos saber. As contas da Santa Casa são uma caixa preta”, afirma o presidente da Amesc/CG, doutor Alex Cunha Alonso.

A Amesc/CG, continua ele, chegou a formalizar para a Santa Casa proposta de adoção de um software, sem qualquer custo para hospital, mas que permitiria aos médicos acompanhar a atualização do sistema de faturamento, permitindo que os profissionais tivessem conhecimento da remuneração correta a ser recebida.

“A situação fugiu do controle porque, além de não ser pago, o médico não sabe o valor real que tem a receber”, afirma o presidente da associação. A negativa da Santa Casa em fornecer informações que são de direito do médico inclusive é alvo de investigação do Ministério Público Federal (MPF), por meio do inquérito civil nº 1.21.000.001138/2017-05, instaurado após denúncia da Amesc/CG para apurar "suposta falta de transparência dos recursos públicos recebidos pelo Hospital Santa Casa no âmbito do SUS".

Durante a greve, a escala de trabalho deve ser reduzida ao mínimo previsto para garantir o funcionamento e o atendimento aos pacientes do maior hospital do Estado. Serão reduzidos em 70% os atendimentos ambulatoriais e cirurgias eletivas e em 30% os atendimentos de urgência e emergência.

A equipe do MS Notícias entrou em contato com a Santa Casa, mas até a publicação dessa reportagem não foi recebida resposta.