Entre janeiro e setembro deste ano, o Ministério da Saúde distribuiu 302,5 milhões de preservativos femininos e masculinos. Eles estão disponíveis de graça em qualquer serviço público de saúde.
Até o fim do ano essa quantidade deve aumentar, já que, no total, foram adquiridos 750 milhões de camisinhas em 2018.
A preocupação da pasta em garantir o acesso aos preservativos tem um motivo: embora sejam a principal forma de prevenção, "quase metade dos brasileiros sexualmente ativos não usa camisinha nas relações casuais, mesmo sabendo que essa é a melhor forma de evitar a Aids e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST)", afirma a diretora do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais, Adele Benzaken.
Conheça as formas recomendadas de proteção contra o HIVA epidemia brasileira é concentrada em populações-chave (gays e homens que fazem sexo com homens, pessoas trans, trabalhadores do sexo, pessoas que usam álcool e outra drogas e pessoas privadas de liberdade) e populações prioritárias (jovens, população indígena, pessoas privadas de liberdade e população negra). Por esse motivo, o ministério tem investido também em outras formas de prevenção, como a combinada.
Nessa modalidade, são utilizadas abordagens biomédicas, comportamentais e estruturais. Ou seja, o Ministério da Saúde desenvolve ações para promover a prevenção pós-exposição e pré-exposição, o diagnóstico precoce e a adesão ao tratamento.
"Essa combinação pode ser feita de forma simultânea ou sequencial. A escolha varia de acordo com as características e fase da vida de cada pessoa", explica Benzaken.
Dessa forma, as estratégias e campanhas são aplicadas conforme a realidade de cada local. "A gente tem um país continental com vários tipos de educação, não só escolar, mas também social.
Temos que encontrar uma linguagem para passar a informação de forma adequada, sem que ninguém se sinta ofendido", completa Tânia Vergara, membro do comitê de HIV/Aids da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
Profilaxia
Outras formas de prevenção oferecidas pelo SUS são a Profilaxia Pós-Exposição ao HIV (PEP) e a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PreP). A primeira ocorre por meio de medicamentos antirretrovirais para impedir que o vírus se instale no organismo após uma relação sem preservativo.
"Essa é uma estratégia para aquelas pessoas que definitivamente se recusam a usar os preservativos, embora isso seja péssimo [não usar camisinha], e se expõe a uma situação de risco", afirma Vergara.
Os medicamentos estão disponíveis de graça no SUS e devem ser aplicados, no máximo, em até 72 horas após a relação sexual desprotegida.
Já a segunda, a PreP, é destinada a pessoas que tenham maior chance de entrar em contato com o vírus, como as populações-chave para HIV e que ainda apresentem episódios frequentes de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ITSs) e uso repetido de PEP.
Ela também está disponível no SUS e consiste na tomada diária de um comprimido que impede que o vírus causador da Aids infecte o organismo.
A realização frequente de exames para detecção do HIV é recomendada sempre. Não que a ação barre a transmissão do vírus.
Mas é uma atitude que permite a identificação do HIV em seus estágios iniciais, garantindo que a pessoa infectada tenha chance de se submeter rapidamente a tratamentos com antivirais que podem reduzir a replicação do vírus no organismo a uma carga viral indetectável.
Com informações do Ministério da Saúde, do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids, da Fiocruz e da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).