A portaria 924/2018, do Ministério da Educação, autorizando a instalação do curso de Medicina em Corumbá, pode ser mais um impulso para tornar realidade a criação da UFPan (Fundação Universidade Federal do Pantanal). A decisão do MEC, anunciada no final do ano passado, contempla uma instituição privada, o Centro de Ensino Superior de Maringá (Cesumar/Unicesumar) - mas representa uma novidade que, para os pantaneiros, constitui elemento decisivo no incremento de investimentos científicos e educacionais na região.
Desfraldada por professores do campus da Universidade Federal (UFMS) de Corumbá em 2005, a bandeira da UFpan foi transformada no projeto de lei 6.174/05, de autoria do deputado federal Geraldo Resende (PSDB), atual secretário estadual de Saúde. A idéia original previa desmembrar da UFMS o campus corumbaense, tendo como parâmetro o processo de implantação e criação da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD).
O projeto acabou emperrado, tendo seu avanço interrompido diversas vezes por questões orçamentárias, políticas e técnicas. No ano passado, porém, o deputado estadual George Takimoto (MDB), trouxe-o de novo à pauta, por meio de ofícios ao senador Pedro Chaves, que engajou-se na demanda, e a autoridades federais, entre as quais o MEC e o Gabinete Civil da Presidência da Republica.
EXEMPLO - Para Takimoto, o exemplo da UFGD é convincente e definitivo. "Não há dúvidas sobre a viabilidade técnico-científica, social e financeira dessa reivindicação. Em Dourados, a UFGD nasceu assim, com o olhar visionário e futurista de gente que acreditou nas potencialidades locais", comparou. "Sei que é um processo moroso, que precisa superar limitações orçamentárias. Mas é exequível. Seu custo-benefícios é o maior argumento", completou.
O deputado salienta que a Unipan pode proporcionar maior e melhor exploração do potencial econômico da região, principalmente com cursos e pesquisas que possam ampliar o conhecimento sobre as demandas gerais e específicas e a interação entre o bioma do Pantanal e as atividades econômicas. A professora Geicele Matos Paggi era diretora em exercício do campus do Pantanal quando soube da iniciativa de Takimoto e se manifestou, confiante.
Paggi disse que a Comissão Especial responsável pelo projeto da UFPan vislumbrou o fortalecimento das atividades acadêmicas, como ensino, pesquisa e extensão, com notáveis ganhos científicos. “A grande vantagem é que a universidade receberia diretamente os recursos do MEC sem depender da divisão feita pela UFMS. E a possibilidade e planejamento para oferta de novos cursos seria melhor articulada”, assinalou.
DESAFIO FINANCEIRO - Para que o sonho avance e ganhe condições de materialização, será fundamental uma forte e persistente articulação política, com respaldo dos meios envolvidos na pesquisa, no ensino e nas demandas científicas, educacionais e ambientais. O maior obstáculo é orçamentário. O novo governo procura estreitar ao máximo o custeio em todas as áreas. Para abrir novos cursos as despesas são inevitáveis e essenciais, especialmente a contratação de professores e logística.
O campus de Corumbá possui 13 cursos de graduação e duas pós-graduações stricto sensu (mestrado). De outro lado, no ensino superior privado, a Cesumar/Unicesumar, que foi autorizada pelo MEC a implantar o curso de Medicina, está classificada entre as melhores instituições brasileiras do gênero, destacando-se como o melhor centro universitário do sul do país. Na última avaliação do MEC, ela manteve seu IGC 4 (Índice Geral de Cursos, que vai de 1 a 5); desempenho de sete anos consecutivos.
A Cesumar tem até oito de fevereiro o prazo para entregar a Garantia de Execução do Ministério da Educação, na Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior. O prefeito Marcelo Iunes (PSDB), que desde sua posse vem defendendo esse avanço e pontuando o incremento de outras conquistas similares, como a criação da UFPan, elogiou a decisão do MEC e conta com igual empenho dos congressistas sulmatogrossenses para que o sonho da universidade pantaneira seja concretizado.