28 de março de 2024
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Dara se torna a primeira médica guarani-kaiowá e regressa à Caarapó

Após seis anos de luta e difíceis escolhas, ela esta na linha de frente em defesa da saúde em sua aldeia

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Dara Ramires Lemes voltou em 2020 para a aldeia Te'yí kue em Caarapó (MS), com uma grande conquista após 6 anos de intensa luta no curso de Medicina na Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Ela voltou como médica aos 25 e se tornou a primeira da etnia guarani-kaiowá. 

Atuando como profissional de Saúde, está na linha de frente na aldeia com 4 mil habitantes. No contexto de pandemia, realiza mais de 400 atendimentos ao dia e é uma das principais guerreiras em favor do povo, que segundo a OMS, são mais vulneráveis aos impactos da Covid-19.  

Ao regressar à aldeia, a médica passou a morar com os pais novamente. Em 8 de janeiro ela recebeu o seu registro junto ao Conselho Regional de Medicina em MS. E celebrou. "Não sei como descrever esse sentimento. Finalmente, o tão esperado CRM saiu", escreveu.  

Tal curso era o sonho da mãe de Dara, Zeni Lemes Ramires que é professora. Que para se tornar realidade teve que aprender a conviver com a filha a mais de mil quilômetros de MS.

Mas Dara também é ex-atleta do futebol. Amante da arte do drible teve que fazer a difícil escolha de se afastar do campo para ganhar a partida na faculdade. "Quando os pacientes da minha terra olham para mim, sentem empatia, e me bate uma grande responsabilidade e um orgulho imenso de fazer o melhor. E é aí que vejo que valeu a pena todo esforço que eu fiz para conseguir chegar até aqui", afirmou ontem (18. abril) ao UOL e concluiu: "Amo futebol. Joguei no Galo aos 16 anos. Jogava de meia-atacante, meia-direita e às vezes de volante. Mas não dava para conciliar com os estudos e hoje virou um hobby", disse a corintiana.

Ela chegou a se mudar para Belo Horizonte (MG), devido ao seu destaque no futebol e, estando lá, foi aprovada em medicina aos 17 anos. Ela precisou, assim, adiar o sonho de ser jogadora da Seleção Brasileira para trás.

Hoje em Caarapó, a médica conta que por ser profissional da Saúde e também indígena, ela já recebeu as duas doses do imunizante contra a doença provocada pelo vírus. 

*Com UOL.