24 de abril de 2024
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MAIS UMA FAKE NEWS

É #FAKE que vídeo mostre fiscais do Ibama promovendo incêndio

Equipe mostrada no vídeo faz ação prevista em lei para prevenir queimadas e acertada previamente com órgãos. Legendas em tom de denúncia, porém, afirmam que atuação busca prejudicar o governo. Não é verdade

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Circula pelas redes sociais um vídeo em tom de denúncia que mostra uma equipe do Ibama ateando fogo ao mato à margem de uma rodovia. O homem que faz as imagens diz: "Será que é para derrubar o governo Bolsonaro? Eu não duvido de nada. Agora saca só quem está tocando fogo. O Ibama". A legenda afirma que se trata de um incêndio criminoso. É #FAKE.

A ação mostrada no vídeo é executada pelo Ibama, mas de acordo com prática prevista em lei para prevenir queimadas. "A ação realizada no vídeo é uma queima prescrita, prevista no Código Florestal (art. 38 da Lei 12.651/12) e utilizada durante o período chuvoso e no início do período seco (junho e julho) em locais com maior risco de ignição de fogo", diz a assessoria do Ibama. "Ao realizar as queimas nessa época, de forma controlada, se reduz a quantidade de combustível na seca, diminuindo drasticamente o risco de grandes incêndios florestais", complementa.

O Ibama esclarece ainda que, como boa parte dos incêndios florestais começa nas beiras de estradas, a realização das queimas nesses locais, caso do vídeo, é prioritária. "As queimas filmadas foram previamente informadas aos órgãos competentes e tiveram acompanhamento da Polícia Militar do Maranhão para garantir a segurança no trânsito da estrada", diz a nota.

O analista ambiental Wallace Lopes, que atua na área de fiscalização ambiental, confirma. Ele fez até um post no Facebook para esclarecer a questão, dizendo que a técnica é "mundialmente conhecida".

Graduado em engenharia ambiental, especialista em perícia, auditoria e gestão ambiental e mestre em engenharia ambiental nas áreas de concentração de recursos hídricos e saneamento, ele reforça que o procedimento é correto. "Aquilo ali é o Manejo Integrado do Fogo, procedimento realizado para redução do material vegetal no entorno de áreas sensíveis, como é o caso de terras indígenas", diz.

"É um problema grave tentar colocar as pessoas e o chefe de Executivo contra instituições como o Ibama. Esse tipo de informação falsa acaba colocando a sociedade contra o Ibama e seus servidores, além de dificultar a execução das ações que, na verdade, buscam a proteção socioambiental", diz.

Em 2019, em meio à crise com incêndios florestais na Amazônia, Wallace ocupou o cargo de superintendente substituto do Ibama (interino) no Tocantins, período em que esteve mais diretamente envolvido com as ações de prevenção e combate aos incêndios florestais.

Fonte: O Globo