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'EUA'

"Epidemia de violência armada" é realidade que fica clara com 3 ataques a tiros em 24h

Ao menos seis pessoas morreram ontem (18.abr.2021) nos Estados Unidos, totalizando 41 vítimas de atentados armados em 1 mês

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Desde 2020, a pandemia do novo coronavírus é um problema que as nações têm de enfrentar, em paralelo às demais necessidades e dificuldades pelas quais passa um país. No caso dos Estados Unidos, como bem destacou em seu discurso o atual presidente, Joe Biden, a dificuldade da vez é uma "epidemia de violência armada" e o terceiro ataque a tiros em um período de 24 horas é sinal disso.

Segundo informações da mídia internacional, apuradas pelo Portal Uol, ao menos cinco pessoas ficaram feridas após um tiroteio que aconteceu na noite de ontem (18.abr.2021), na cidade de Shreveport, no estado sulista de Louisiana. Outros dois ataques a tiros aconteceram no domingo (18.abr), um no condado de Kenosha e o outro na cidade de Austin, no Texas.

ENTENDA OS CASOS DE ONTEM (18.abr.2021)

No último caso da noite de domingo (18), a polícia de Shreveport relatou atender o que parecia ser uma ocorrência rotineira de trânsito quando os disparos começaram. Segundo apurado pela Folhapress, a imprensa local contabilizou mais de 20 viaturas deslocadas para a região e dezenas de cartuchos de munição, encontradas no chão do estacionamento de uma clínica médica.

Esse foi o único caso, até o momento, em que não há confirmação de mortes, apesar de uma das - das cinco - vítimas ter sido baleada na cabeça.

Na manhã de ontem (18.abr), um ex-xerife e é procurado pela polícia por matar três pessoas a tiros em um condomínio, que fica em Austin, capital do Texas (estado vizinho ao primeiro caso citado). Mesmo que o incidente levantasse a bandeira para mais um possível ataque em massa, investigações desse caso concluíram que se tratava de mais um acidente de natureza doméstica.

Segundo informações da imprensa local, Stephen Broderick, de 41 anos, é o ex-xerife que matou as três vítimas. Ele é acusado ainda de do crime de violência sexual contra uma criança, ato pelo qual chegou a ser detido, mas foi liberado após pagamento de fiança.

O estado de Wisconsin (ao norte do país) registrou o primeiro atentado de domingo (18). Segundo o departamento de polícia de Kenosha, uma pessoa que não teve a identidade revelada foi expulsa de um bar na cidade - em circunstâncias que não foram esclarecidas - e voltou pouco tempo depois, atirando.

Nessa ocasião, três pessoas morreram e outras três ficaram feridas. O autor do crime foi preso e responderá por homicídio doloso –quando há intenção de matar.

OUTROS CASOS

Ainda na 5ª feira (15.abr.2021) da semana passada, Brandon Hole, 19, matou oito pessoas a tiros em um centro de operações da FedEx. Neste domingo (18), a polícia de Indianápolis confirmou que o jovem, ex-funcionário da empresa, comprou legalmente os dois fuzis semi automáticos usados no crime poucos meses depois de ter sido preso temporariamente por agentes do FBI em uma unidade psiquiátrica.

Em março de 2020, Hole foi detido depois que sua mãe chamou a polícia, alegando que ele poderia tentar cometer o chamado "suicide by cop" (suicídio por policiais, em tradução livre), o que consiste em provocar uma situação ameaçadora - como um ataque a tiros em lugar público - para ser morto pela polícia.

Nessa ocasião, ele foi liberado depois que o inquérito de agentes não identificou violações da lei. Hole teve uma espingarda apreendida, mas segundo registros da agência do governo responsável por regular armas de fogo (o ATF), ele comprou dois fuzis nos meses seguintes, em julho e setembro.

A motivação exata ainda é investigada pela polícia, que suspeita de que o crime tenha algum viés racial, já que quatro das oito vítimas eram membros da comunidade Sikh, uma religião monoteísta com origem na Índia. Após o ataque, o atirador cometeu suicídio.  

Em um mês (entre 16 de março e 16 de abril) 41 pessoas morreram vítimas de ataques nos EUA. A data início dessa contagem ficou marcada pelo assassinato de oito pessoas dentro de casas de massagens em Atlanta. No Colorado, uma semana depois, um atirador abriu fogo em uma mercearia e, no final do mês, na Califórnia, outro homem fez quatro vítimas num ataque semelhante.

No mês de abril, dia 8, seis pessoas da mesma vizinhança, na Carolina do Sul, morreram vítimas de atentado, sendo que, neste mesmo dia, no Texas, um homem cometeu um ataque em uma loja de móveis. No dia 12, no Tennessee, quatro pessoas morreram em uma escola.

Vale ressaltar a brutalidade do policial de Chicago que matou Adam Toledo, de 13 anos, que havia se rendido e estava com erguendo as mãos ao alto quando foi baleado no peito, na madrugada de 29 de março, no Bairro Little Village, Illinois. As imagens, divulgadas na 5ª feira (15.abr.2021), geraram revoltas e manifestações pela cidade. O atirador Eric Stillman, de 34 anos, trabalha como policial há seis e,  como punição, foi apenas posto para cumprir funções administrativas

CONFIRA AS PRINCIPAIS LEIS SOBRE ARMAS NOS EUA

1791

  • 2ª Emenda Constitucional

Diz apenas: "Uma milícia bem regulada, sendo necessária para a segurança de um Estado livre, o direito de manter e portar armas não deve ser infringido".

1934

  • National Firearms Act (Lei nacional de armas de fogo)

Primeira lei federal a regulamentar e taxar a fabricação e a venda de armas de maior calibre. Pistolas ficaram de fora das regras.

1938

  • Federal Firearms Act (Lei federal de armas de fogo)

Exigiu que fabricantes, importadores e vendedores de armas tenham licença para atuar e impediu a venda de armas a ex-condenados pela Justiça, entre outras categorias.

1968

  • Gun Control Act (Lei de controle de armas)

Expandiu a lista de restrições à compra, determinou que as armas tivessem um número de registro e vetou a importação, exceto para fins esportivos –mas sem definir o que seriam "fins esportivos".

1986

  • Firearms Owners' Protection Act (Lei de proteção aos donos de armas)

Retirou várias restrições à compra, legalizou a venda em feiras de armas e afrouxou as exigências para que comerciantes mantenham registros sobre os produtos vendidos.

1993

  • Brady Act (Lei Brady)

Estabeleceu prazo de cinco dias entre a compra e a entrega, para haver mais tempo para a checagem de antecedentes do cliente. Nos anos seguintes, a norma foi flexibilizada e, atualmente, é permitida uma avaliação rápida em muitos casos.

1994

  • Federal Assault Weapons Ban (Veto federal às armas de assalto)

Baniu a fabricação, venda e posse de armas semiautomáticas e de maior poder de fogo. A medida expirou em 2004 e não foi renovada.

2005

  • Protection of Lawful Commerce in Arms Act (Proteção ao comércio legal de armas)

Proibiu que fabricantes e vendedores sejam processados caso seus produtos sejam usados em crimes e passou a exigir que as armas sejam transportadas e mantidas de forma segura.

2007

  • NCIS Improvement Amendments Act (Lei de melhoria no sistema nacional de checagem de informações criminais)

Deu estímulos financeiros para que os estados melhorem as bases de dados a serem consultadas pelos vendedores antes de entregar as armas aos compradores.