Ela, então, foi buscar ajuda e passou a fazer vários tratamentos com especialistas em reprodução humana. Um dos médicos sugeriu que ela fizesse uma fertilização in vitrocom óvulos doados. “Meu marido, na época, não entendia e não quis fazer. Fiquei arrasada. O tempo passou e nos separamos”, conta. Anos depois, Andreia conheceu Rogério Carrasco, 46, e casou-se novamente. Como não tinha nenhum filho, o sonho dele era ser pai. Mesmo sabendo que Andreia não poderia ter mais filhos, no entanto, ele entrou de cabeça no relacionamento e passou a tratar Jessica como filha dele.
O desejo de ser mãe novamente, no entanto, nunca se apagou em Andreia, e ela, que está com ovários, útero e endométrio atróficos, decidiu fazer novas tentativas. “Fiz tratamento com hormônios e outros medicamentos em 2018, mas sem sucesso”, diz. ‘Com meu endométrio ruim, o embrião não consegue se fixar”.
Jessica, sua filha, acompanhou todas as etapas do tratamento e ia junto com a mãe quando ela precisava fazer os exames, como os ultrassons. “Eu chorava porque nasda do que eu tomava de medicamentos fazia meu endométrio se espessar. Então, um dia, o médico me falou que a única possibilidade de eu ter outro filho seria por barriga solidária. Minha filha, na hora em que ouviu isso, falou: ‘Mãe, vou ser sua barriga solidária. Você vai ter seu bebê e eu vou ter meu irmãozinho’. Chorei de emoção”, lembra. “Foi uma mistura de emoções. Foi amor e gratidão porque eu conheço a filha que eu tenho. Ela é um presente de Deus. É amorosa, bondosa, se solidariza com o próximo, doa sangue - já fez até doação de óvulos no início de 2018. Ela é um ser humano incrível. Só sei amar”, derrete-se a mãe.
Jessica está grávida de 11 semanas de um menino. O bebê deve nascer em agosto. “Vê-la grávida do meu bebê só me faz agradecer a Deus todos os dias por ter me dado uma filha tão maravilhosa como ela, para eu cuidar. Esse procedimento foi muito bem conversado entre todos. Para nós é super normal, e ela está super consciente do que está fazendo”, afirma. “Muitas pessoas acham um gesto nobre, outros criticam e falam coisas absurdas”, diz Andreia, que consegue acompanhar a gestação bem de perto, já que Jessica é solteira e mora com ela. “No momento, Jessica não pensa em ter filhos dela. Talvez, num futuro bem distante. Ela quer terminar a faculdade, fazer pós graduação e viajar para fora do país”, conta a mãe.
BARRIGA SOLIDÁRIA: ENTENDA COMO FUNCIONA
Podem recorrer à barriga solidária ou cessão temporária de útero, que é o termo mais correto, casais que comprovadamente não sejam capazes de gerar um filho, como aqueles cuja mulher tem má formações no aparelho reprodutor. Se o homem e a mulher não forem estéreis, ou seja, produzirem óvulos e espermatozóides saudáveis, é possível realizar a fertilização in vitro e implantar o embrião com a carga genética dos pais na mulher que aceitou emprestar seu útero. Caso contrário, o casal pode recorrer à doação de óvulos ou espermatozóides, também realizada em clínicas de fertilização.