29 de março de 2024
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OPERAÇÃO CAPOREGIME

Grampos fazem Gaeco chegar a 'enterro' de R$ 21 milhões

Grupo suspeito de por movimentações milionárias de formas ilícitas

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Enquanto investigavam uma quadrilha de agiotagem que agia no interior do Mato Grosso, o Grupo de Atuação Contra o Crime Organizado (Gaeco), chegou a uma fortuna enterrada em cheques e cédulas. O dinheiro foi descoberto após interceptação de ligações telefônicas envolvendo adolescentes que teriam relacionamento amoroso com um dos suspeitos, esse, que estão presos. 

Entre os chefes da organização criminosa, Kaio Cezar Lopes Favato tratava com a adolescente J. e familiares como deveriam proceder sob investigação da polícia, que já realizara busca e apreensão e a prisão de Kaio Favato.

Nas ligações a menor taratava com a mãe e com a irmã uma saída para esconder os valores.  A primeira ligação intercepatada foi feita por J. no dia 06/02, ela liga para irmã, também menor, as 07h57, para tentar falar com a mãe, a irmã, tratada como LE. tenta entender do que se trata a ligação. “A polícia veio aqui em casa levou o Kaio mana!” LE diz: “hã?”, J. fala “a polícia veio aqui em casa revistou tudo, nossa, eu tenho que sumir com os trem dele, senão, se pegar, ai meu Deus, eu tô tão nervosa. LE: “como assim? Não entendi!” J. repete: “A polícia veio aqui em casa, revistou a casa todinha, eu acho que é por causa do serviço do Kaio”. LE pergunta: “Tinha o que?” J. fala que só queria falar com a mãe. LE pede para esperar. J. fala que ninguém atende: "a Silvana não atende!"  “Eu não sei onde vou esconder esses negócios” LE fala: “Tá, mas o que é?” J. revela: “É cheque Letícia, depois te ligo”. Encerra a ligação.

Neste mesmo dia, (06/02), às 08h04, J. retorna a ligação, há uma conversa entre ela e sua mãe que pergunta: “Fala aí pra mim o negócio do cheque.” E J. fala: “Eu não tenho muita coisa pra falar não, só tem que falar que Kaio vai ficar cinco dias preso. Nem me pergunte nada!...” Continuam a conversa, momento em que a mãe de J. pergunta: “O J. é por causa daquele cara que eles pegou num é?” J. responde: “Não mãe! O que você está falando? Nada a ver...” A mãe fala: “É por que eles mexe com essas coisas, eu sei, isso veio na minha cabeça, aquele negócio, porque eles mexem com cheque não é, J?” “J responde “É mãe, é mãe!”.

Neste mesmo dia, às 08h12min27s, J liga para Silvana (mãe de Kaio Cezar Lopes Favato e ex-esposa de João Claudinei Favato), após um rápido diálogo Silvana pergunta a J: “E como Kaio reagiu J? J: “Ah, ele estava tremendo, ele estava nervoso. Daí, Silvana, pegaram o celular dele e o computador, eles vão ficar com ele, vão mexer dentro do celular dele, vão ver tudo o que tem, sorte que na hora que a polícia chegou aqui em casa, ele pegou a carteira que tinha aqui dele e enfiou no bolso, e daí ele queria que eu pegasse de alguma forma, só que não tinha, entendeu? Porque o policial, um ficava revistando a casa e outro tomando conta do Kaio, entendeu? Daí, o Kaio foi no banheiro, perguntou ‘posso ir no banheiro fazer xixi?’ daí falaram que sim, daí ele deixou no banheiro, daí eu peguei e já escondi”, mais a frente Silvana fala: “....Vai dar tudo certo, fica tranquila, então tá, mas levou alguma coisa do Kaio, de cheque, alguma coisa? J. responde: “Não, porque eu peguei entendeu? Peguei escondido antes, aí escondi tudo, só que eles não vão voltar mais aqui porque a casa está toda revirada...”.

Neste mesmo dia, 06.02.2019, às 08h16, a mãe de J. adverte: “Oh, guarda tudo o cheque! A polícia foi aí? J. diz: “Você já sabe que veio!”. A mãe reforça: “Esconde bem escondido, debaixo de alguma coisa, igual a mãe faz”. J fala: “Eu sei mãe, eu já escondi”. A mãe diz “Vai dar tudo certo, logo...tchau”.

Por causa da interceptação desses diálogos é que o Gaeco procedeu ao pedido à Sétima Vara Criminal para que autorizassse novas busca e apreensão na residência de Kaio. A ordem foi cumprida no dia 14 de fevereiro.

Naquele dia, foram encontradas dezenas de folhas de cheques enterradas e acondicionadas dentro de uma lata de metal com tampa plástica pelo quintal. Contra ele, o círculo também se fecha quando os investigadores analisam e comprovam o vínculo associativo entre os denunciados, o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e as movimentações financeiras atípicas de elevados valores feitas entre Kaio e João Claudinei, além disso, uma das vítimas confirmou que os dois trabalhavam em conjunto.

Nesta Operação, intitulada Caporegime, foram apreendidos mais de R$ 21 milhões em cheques e notas promissórias, além de R$ 400 mil em ouro e R$ 43 mil em dinheiro. Os presos são suspeitos de praticarem crimes de como extorsões, tentativa de homicídio, lavagem de dinheiro e outros delitos.

Também foram presos Clodomar Massoti, Luis Lima de Souza, Edson Joaquim Luis da Silva, Luan Correia da Silva e Purcino Barroso Braga Neto, José Paulino Favato e Caio Cesar Lopes Favato. Todos os mandados de prisão foram cumpridos no interior de Mato Grosso, nos municípios de Sinop, Peixoto de Azevedo, Guarantã do Norte, Marcelândia e Alta Floresta.

 

Fonte: FolhaMax