25 de abril de 2024
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Indicador do Ipea revela aceleração inflacionária

Maior alta (0,32%) atingiu famílias mais pobres, revela pesquisa

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O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda, do mês de junho, mostrou aceleração inflacionária na margem em todos os segmentos de renda dos. A maior alta foi para famílias mais pobres (0,32%), enquanto nas famílias mais ricas foi menor (0,21%). A informação foi divulgada hoje (14), no Rio de Janeiro, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).Indicador do Ipea revela aceleração inflacionária

O indicador apontou ainda que os alimentos tiveram impacto nos grupos, respondendo por 34% nos de menor poder aquisitivo, com destaque para o reajuste de 3,5% nos cereais, 1,2% nas carnes e 1,7% nos leites e derivados. Já entre os mais ricos corresponderam a 24% da  do grupo.

Todas as classes de renda receberam pressão do reajuste de 3,4% no preço dos combustíveis nos transportes, depois de registrar deflações consecutivas entre fevereiro e maio.

No entanto, para as famílias de maior poder aquisitivo, o impacto foi, parcialmente, anulado pelas quedas de 26% nos preços das passagens aéreas e de 14% no transporte por aplicativo. Em sentido contrário, a queda de 0,34% das tarifas de energia elétrica provocou alívio sobre o grupo habitação para todos os segmentos dos.

Os artigos de residência tiveram reajuste de 1,3% em junho e esse foi um item expressivo para as famílias mais pobres. Os maiores destaques da alta foram os subgrupos de aparelhos eletroeletrônicos (3,3%) e consertos e manutenção (1,2%).

Para o Ipea, isso reflete o aumento da demanda de bens e serviços impulsionados pela pandemia de covid-19. O aumento de 2,1% no preço dos consertos de bicicleta indica, segundo o instituto, que pode ter havido maior uso desse meio de transporte, tanto para evitar aglomerações quanto como instrumento de trabalho para entregadores.

Na visão do Ipea, parte da alta de 3,8% observada no segmento TV, som e informática está relacionada às novas formas de trabalho e lazer no domicílio.

Acumulado

As famílias de renda mais baixa (2,8%) foram as que sofreram maior impacto entre julho de 2019 e junho de 2020, apesar do acumulado em doze meses apontar impacto em todos os segmentos de renda.

Nas famílias mais ricas, a variação ficou em 1,6%. Na análise do acumulado do ano – de janeiro a junho de 2020 – a situação se repete. É mais amena para as famílias com maior poder aquisitivo, que tiveram queda de 0,24% em comparação com famílias de renda mais baixa com alta de 0,8%.

Para a técnica de Planejamento e Pesquisa da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) do Ipea, Maria Andreia Parente Lameiras, é preciso ratificar que, nos últimos meses, a pandemia  provocou alterações no consumo em todas as faixas de renda, com efeitos que não podem ser captados pelas medidas de , uma vez que elas foram construídas com base em pesos fixos definidos conforme a última Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.

“Desse modo, é provável que a alta dos alimentos esteja impactando ainda mais todas as classes de renda, dado que aumentou o consumo de alimentos no domicílio e, por conseguinte, o peso deste grupo nos orçamentos familiares. De maneira similar, a queda de 55% nos preços das passagens áreas gera um forte alívio sobre as taxas de  da população mais rica, mas que, de fato, não se traduziu em melhora de bem-estar, tendo em vista que o gasto caiu fortemente no período recente”, finalizou a técnica.