17 de abril de 2024
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CHINESA PRESA

Jornalista condenada por cobrir pandemia em Wuhan espera morrer na prisão

Zhang Zhan há cerca de seis meses faz greve de fome, foi alimentada à força por uma sonda recentemente e diz que, por sua dura pena, recusará alimento em cárcere

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Jornalista natural de Xangai, Zhang Zhan (37), que cobria a pandemia de Covid-19 desde o início do ano na cidade que foi epicentro da doença, Wuhan, foi condenada hoje (28.dez.2020) a cumprir quatro anos de prisão. A sentença vem por suas denúncias em redes sociais, em que relata a situação de hospitais da região que foi ponto central de partida do novo coronavírus que assola a humanidade. Em maio a profissional foi detida por "provocar distúrbios", nomenclatura dada às ações de opositores do regime do presidente Xi Jinping. Há praticamente um ano, em 31 de dezembro de 2019, o primeiro caso da doença foi comunicado à Organização Mundial da Saúde (OMS).

Informações da France Presse (agência de notícias), apontam que a jornalista viajou em fevereiro até Wuhan, de onde publicava sobre a situação nos hospitais, que na época, era completamente caótica. Com a sentença, o advogado de defesa, Ren Quanniu, alertou ao estado psicológico de sua cliente.

Condenada à quatro, dos cinco anos que poderia receber como pena, desde junho Zhang protestava contra sua detenção com uma greve de fome, alimentada à força por uma sonda, segundo os advogados. 

Há uma semana, Zhang comprometeu-se com um de seus defensores que recusaria qualquer alimento até o fim caso recebesse uma sentença pesada. "Ela acredita que vai morrer na prisão", explicou o advogado Zhang Keke."

Ao lado de Zhang Zhan, jornalistas e diplomatas estrangeiros foram até o tribunal onde ocorria o julgamento, em Xangai, entretanto, foram impedidos de entrar na sala de audiências, enquanto simpatizantes também foram afastados pelas forças de segurança.

Dados revelam que - entre janeiro e maio - a metrópole de Wuhan contabilizou a maior parte dos 4.634 óbitos contabilizados em toda China, quase 4 mil mortes por Covid-19. A agência de notícias aponta a demora de reação à epidemia, com Pequim tomando atitudes de quarentena com quase dois meses de detecção de casos do novo coronavírus. 

Nessa história, médicos que mencionaram o surgimento de um misterioso vírus foram interrogados pela polícia e acusados de "propagar boatos", sendo que, meses depois a morte do Dr. Li Wenliang, vítima da Covid-19 no início de fevereiro, provocaria indignação nas redes sociais através do globo. 

Como de costume durante as festas de fim de ano, quando diminui a atenção do resto do mundo e o governo chinês aproveita para condenar os opositores, três outros jornalistas Chen Qiushi, Fang Bin e Li Zehua também foram detidos após a cobertura dos eventos. Com os jornalistas sendo os relatores da história contemporânea, esse processo de Zhang acontece pouco antes de uma missão da Organização Mundial da Saúde (OMS) chegar à China, prevista para acontecer em janeiro, para investigar as origens dessa pandemia. 

(Com informações do G1)