25 de abril de 2024
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João de Deus

Laboratório que fabrica remédios de João de Deus é interditado

Médium está preso em Aparecida de Goiânia por acusações de abuso sexual e posse ilegal de arma de fogo. Ele nega ter cometido os crimes.

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“Vamos analisar se há necessidade de autuação criminal ou civil. Por enquanto é uma autuação administrativa", detalhou.


Na mesma data os policiais apreenderam esmeraldas, medicamentos e uma mala com R$ 1,2 milhão na casa do médium. Sobre o valor, a defesa dele afirmou, à TV Anhanguera, que “muito do dinheiro encontrado tem a ver com antigas doações” (veja nota na íntegra ao fim da reportagem).

A polícia já havia achado mais de R$ 400 mil em notas nacional e estrangeira além de armas, tudo no mesmo endereço. Esses armamentos levaram a Justiça a dar nova órdem de prisão ao médium, dessa vez por posse ilegal das pistolas e revólveres.


Ao decretar a prisão do médium nestas circunstâncias, o juiz Liciomar Fernandes da Silva disse que “tudo indica que João de Deus chefia uma organização criminosa”.

 

Situação atual

 

Médium é investigado por estupro, estupro de vulnerável, violação sexual mediante fraude e posse ilegal de arma;
MP recebeu 596 relatos de abusos sexuais e identificou 255 vítimas;
Mulheres que denunciaram João de Deus ao MP têm entre 9 e 67 anos;
Médium está preso no Núcleo de Custódia do Complexo Prisional deAparecida de Goiânia desde o dia 16 de dezembro, quando se entregou;
Polícia Civil colheu depoimentos de 16 mulheres. Um inquérito foi concluído e há oito em andamento;
Em operações em endereços ligados a ele foram achadas armas, pedras preciosas e mais de R$ 1,6 milhão;
Justiça também decretou a prisão do médium por posse ilegal de armas de fogo;
Há relatos de supostas vítimas 15 estados brasileiros e outros seis países;
MP e polícia também querem apurar denúncia de lavagem de dinheiro;
Não há pedido para suspensão do funcionamento da Casa Dom Inácio de Loyola;
Defesa teve dois habeas corpus negados e foi ao STF
Mesmo que o ministro Dias Toffoli conceda o habeas corpus, João de Deus segue preso por causa do outro mandado de prisão


Investigação

 

João de Deus teve a prisão decretada no dia 14 de dezembro, a pedido da Polícia Civil e do Ministério Público Estadual de Goiás (MP-GO), que passaram a receber vários relatos de abuso sexual durante tratamento espiritual após a coreógrafa holandesa Zahira Leeneke Maus denunciar o médium no programa Conversa com Bial sete dias antes.

No dia 16, ele se entregou à polícia em uma estrada de terra em Abadiânia. João de Deus prestou depoimento em seguida, durante três horas, e afirmou à Polícia Civil que, antes de as denúncias virem à tona, foi ameaçado por um homem, por meio de uma ligação de celular. Além disso, negou os crimes e que tenha movimentado R$ 35 milhões nos dias anteriores à prisão.


O jornal "O Globo", a TV Globo e o G1 publicaram nos últimos dias relatos de dezenas de mulheres que se sentiram abusadas sexualmente pelo médium. Não se trata de questionar os métodos de cura de João de Deus ou a fé de milhares de pessoas que o procuram.

 

Nota da defesa de João de Deus

 

1. É deplorável que profissionais da imprensa tenham acesso à decisão e os advogados do investigado, não!

2. A decretação da nova prisão preventiva, além de desnecessária, pois o investigado já está preso, se mostra inidônea porque calcada no desejo de calar o clamor público contra a impunidade. A jurisprudência de nossos tribunais é pacífica no sentido de que a prisão preventiva não se presta a punir sem processo e sem defesa. Prisão preventiva serve para tutelar os interesses cautelares do processo, coisa que não se demonstrou.

4. A nova busca e apreensão foi determinada com base em denúncia anônima e foi genérica, o que é inadmissível. Mais: não se lavrou Auto de Apreensão no local como manda a lei. Portanto, a diligência é írrita.

 


Alberto Zacharias Toron, advogado