Internado há 27 dias no Hospital Regional de Campo Grande, por complicações do diabetes, o sanfoneiro autodidata Dino Rocha morreu na noite desse domingo (17). Rocha tinha 68 anos. O acordeonista de Juti (MS), é um dos mais importantes músicos fronteiriços do Brasil e admirado por grandes nomes da música brasileira.
Segundo o site Campo Grande News, a ex-mulher Ruth Haruko Ishikawa, disse que além do diabetes, Dino tinha problemas respiratórios e pressão alta. O acordeonista estava na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e morreu às 19h deste domingo.
A ex do sanfoneiro, disse ainda, que Rocha partiu na hora dele. "Não sabemos a vontade de Deus, qual será o momento, a hora. Ele era muito querido, um grande músico, tinha um talento incrível", lamentou.
Conforme Ruth, o quadro de Rocha se agravou após a aparição de uma infecção em um dos braços, com inchaço e vermelhidão. "Achamos que era uma picada de inseto e o levamos para o posto de saúde. Ele fez exames e ficou lá", explicou a ex.
O quadro se agravou após ser levado ao hospital, nos dias 25 e 26 do mês passado o artista teve duas paradas cardíacas e teve que ser intubado à UTI.
Ainda segundo informou o site, o velório do artista , está previsto para começar ao meio-dia no cemitério Memorial Park, no bairro Universitário, e será aberto ao público. O sepultamento está marcado para às 9h de amanhã, no mesmo local.
Criador de grandes músicas, Dino Rocha contribuiu com a criação de músicas como "Trânsito Cocomarola", o que o consagrou como rei do chamamé em MS.
VIDA

Dino Rocha tinha múltiplos talentos. Era instrumentista, acordeonista, compositor e cantor. Desde criança mostrou predileção pela música. Tornou-se sanfoneiro aos oito anos de idade. Mudou-se para Campo Grande em 1971. Aos dezesseis anos apresentou-se com seu primeiro grupo, “Los 5 Nativos”, de Ponta Porã.
Em 1973, gravou pela primeira vez no LP “Voltei amor”, da dupla Amambai e Amambaí. Como compositor fez mais de 50 composições, entre as quais, “Gaivota pantaneira”, parceria com o poeta e compositor Zacarias Mourão. Também gravou declamando poemas caipiras. Em 1991, recebeu o prêmio “Jacaré de prata” como melhor instrumentista do Brasil. Atuou em três capítulos da novela “Pantanal”, da Rede Manchete ao lado de Almir Sater e Sérgio Reis.
Já em 1997, criou seu próprio selo fundando a RR Gravação e Produção ME. Em 2000, foi convidado para participar do projeto “Balaio Brasil”, no Sesc de São Paulo, apresentando-se ao lado de Dominguinhos, Caçulinha, Sivuca, Hermeto Pascoal e Toninho Ferragut.
No ano seguinte, com os mesmos músicos participou do projeto “Sanfona brasileira” pelo Centro Cultural Banco do Brasil no Rio de Janeiro, em São Paulo e Brasília. Apresentou-se no Sesc São Paulo em 2002 no projeto “Brasil da Sanfona”, quando representou a região Centro-Oeste. Seus três últimos discos foram: “Che Rancho Cuê (Meu rancho velho)”, “Pantanal, sanfona e viola” e “No rancho do chamamé”.
O artista possui considerável conjunto de obras musicais formado por 21 discos (17 discos em vinil e 4 CD’s) que consolidaram sua carreira calcada em quatro décadas de música regional. Dino também participou, como convidado, de vários trabalhos com outros artistas. Entre os que fizeram parceria com o sanfoneiro estão Almir Sater, Renato Teixeira, Chitãozinho e Xororó além dos cantores e compositores campo-grandenses: Paulo Simões e Guilherme Rondon. Além de trabalhos solos, o cantor e sua sanfona também integram o grupo Chalana de Prata.