O funcionário público João Carlos da Silva Jorge, réu por falso testemunho em acidente de trânsito em janeiro de 2017, em Campo Grande, vai responder por mais um crime: o de declaração falsa em bilhete do seguro do veículo. Ele assumiu o lugar de motorista do filho, João Pedro da Silva Miranda Jorge, o mesmo que matou a advogada Carolina Albuquerque, em 2 novembro de 2017.
O acidente em questão ocorreu na rotatória da avenida Euler de Azevedo com a Tamandaré, no São Francisco, às 21h50. A Justiça já havia aceito denúncia do Ministério Público Estadual que afirmou que João Pedro, estudante de medicina, estava bêbado e sozinho, quando bateu em um Uno Mille, ocupado por um casal, que ficou ferido. Ele, inclusive, atravessou o canteiro da avenida antes de colidir no outro carro. Testemunhas afirmaram que o jovem estava tão embriagado, que tinha de se escorar no veículo para não cair.
Ainda segundo o MPE, João Pedro, o filho, abandonou o local do acidente e sequer perguntou se as vítimas precisavam de ajuda. Ele assumiu ter passado o dia inteiro bebendo na casa de amigos e saiu do local na companhia de um amigo que ''não lembra o nome''.
João Pedro em acidente na Euler de Azevedo. (Foto: Reprodução TJMS)
No dia seguinte, diz a denúncia, o pai, João Carlos, se apresentou na delegacia dizendo que era ele quem dirigia a Nissan Frontier. No entanto, a investigação comprovou que ele só quis livrar o filho de uma enrascada.
Até fevereiro deste ano, João Carlos respondia por falso testemunho, artigo 342 do Código Penal. Porém, em março deste ano, a Justiça aceitou um pedido de aditamento do MPE para imputar um novo crime ''nas costas'' do pai.
O outro crime cometido por João Carlos é o artigo 299 do Código Penal, e se deu em razão do seguro da caminhonete, que tinha como segurados ele e a esposa. A apólice até previa que uma pessoa do sexo masculino, entre 18 e 25 anos, tivesse na condução no carro, porém não cobriria eventuais danos caso ele estivesse embriagado, o que ocorreu.
Por isso, diz a denúncia, João teria pedido para a esposa inserir o nome dele e não do filho. Consta no processo, que a seguradora repassou cerca de R$ 19 mil ao motorista do Fiat Uno.
João Pedro segue sendo réu por três crimes de trânsito: o artigo 303 combinado com o 302 inciso III, que é praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor e deixar de prestar socorro às vítimas; 305, que é abandonar o local do acidente e 306, por embriaguez ao volante.
João Pedro e o carro da advogada que parou a 100 metros da batida. (Foto: Repórter Top)
O acidente de trânsito que motivou o processo ocorreu em janeiro. Em novembro do mesmo ano, João Pedro dirigia a 115 km/h pela Afonso Pena, segundo a perícia, e bateu em um Fox onde estava a advogada Carolina Albuquerque Machado, que morreu, e o filho, à época com três anos, que ficou ferido.
O estudante de medicina, dizem testemunhas, trafegava de forma agressiva sentido Parque dos Poderes - Centro e apresentava sinais de embriaguez. Após a batida no carro da vítima, que foi parar a 100 metros de distância, ele fugiu do local. Só se entregou à polícia dois dias depois e apagou mensagens do celular.
Ouvido pelo TopMídiaNews, o advogado Benedicto de Figueiredo afirmou que os fatos narrados pelo Ministério Público Estadual não são verdadeiros e a defesa vai provar a inocência de ambos no curso do processo.