20 de abril de 2024
Campo Grande 19ºC

Réu

Pai de estudante que matou advogada no trânsito vira réu por também fraudar seguro de Frontier

João Carlos da Silva Jorge teria se passado por motorista para livrar filho de enrascada

A- A+

O funcionário público João Carlos da Silva Jorge, réu por falso testemunho em acidente de trânsito em janeiro de 2017, em Campo Grande, vai responder por mais um crime: o de declaração falsa em bilhete do seguro do veículo. Ele assumiu o lugar de motorista do filho, João Pedro da Silva Miranda Jorge, o mesmo que matou a advogada Carolina Albuquerque, em 2 novembro de 2017.

O acidente em questão ocorreu na rotatória da avenida Euler de Azevedo com a Tamandaré, no São Francisco, às 21h50. A Justiça já havia aceito denúncia do Ministério Público Estadual que afirmou que João Pedro, estudante de medicina, estava bêbado e sozinho, quando bateu em um Uno Mille, ocupado por um casal, que ficou ferido. Ele, inclusive, atravessou o canteiro da avenida antes de colidir no outro carro. Testemunhas afirmaram que o jovem estava tão embriagado, que tinha de se escorar no veículo para não cair.

Ainda segundo o MPE, João Pedro, o filho, abandonou o local do acidente e sequer perguntou se as vítimas precisavam de ajuda. Ele assumiu ter passado o dia inteiro bebendo na casa de amigos e saiu do local na companhia de um amigo que ''não lembra o nome''.

João Pedro em acidente na Euler de Azevedo. (Foto: Reprodução TJMS)

No dia seguinte, diz a denúncia, o pai, João Carlos, se apresentou na delegacia dizendo que era ele quem dirigia a Nissan Frontier. No entanto, a investigação comprovou que ele só quis livrar o filho de uma enrascada.

Até fevereiro deste ano, João Carlos respondia por falso testemunho, artigo 342 do Código Penal. Porém, em março deste ano, a Justiça aceitou um pedido de aditamento do MPE para imputar um novo crime ''nas costas'' do pai.

O outro crime cometido por João Carlos é o artigo 299 do Código Penal, e se deu em razão do seguro da caminhonete, que tinha como segurados ele e a esposa. A apólice até previa que uma pessoa do sexo masculino, entre 18 e 25 anos, tivesse na condução no carro, porém não cobriria eventuais danos caso ele estivesse embriagado, o que ocorreu.

Por isso, diz a denúncia, João teria pedido para a esposa inserir o nome dele e não do filho. Consta no processo, que a seguradora repassou cerca de R$ 19 mil ao motorista do Fiat Uno.
 
João Pedro segue sendo réu por três crimes de trânsito: o artigo 303 combinado com o 302 inciso III, que é praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor e deixar de prestar socorro às vítimas; 305, que é abandonar o local do acidente e 306, por embriaguez ao volante.

João Pedro e o carro da advogada que parou a 100 metros da batida. (Foto: Repórter Top)

O acidente de trânsito que motivou o processo ocorreu em janeiro. Em novembro do mesmo ano, João Pedro dirigia a 115 km/h pela Afonso Pena, segundo a perícia, e bateu em um Fox onde estava a advogada Carolina Albuquerque Machado, que morreu, e o filho, à época com três anos, que ficou ferido.

O estudante de medicina, dizem testemunhas, trafegava de forma agressiva sentido Parque dos Poderes - Centro e apresentava sinais de embriaguez. Após a batida no carro da vítima, que foi parar a 100 metros de distância, ele fugiu do local. Só se entregou à polícia dois dias depois e apagou mensagens do celular.

Ouvido pelo TopMídiaNews, o advogado Benedicto de Figueiredo afirmou que os fatos narrados pelo Ministério Público Estadual  não são verdadeiros e a defesa vai provar a inocência de ambos no curso do processo.