28 de março de 2024
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VIOLÊNCIA

PMs suspeitos de agredir jovem negro em shopping no Rio prestam depoimento

O delegado titular da 37ª DP, Marcus Henrique Alves, afirma haver indícios de que os PMs cometeram crimes de racismo e abuso de autoridade

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Dois policiais militares suspeitos de agredir um jovem negro no Ilha Plaza Shopping, an Ilha do Governador, Zona Norte do Rio, prestam depoimento na tarde desta segunda-feira na 37ª DP (Ilha do Governador). Eles chegaram à unidade por volta das 14h. Os PMs foram identificados como Diego Alves da Silva, soldado do Batalhão de Choque, e Gabriel Guimarães Sá Izaú, agente do programa Segurança Presente.

O caso aconteceu na noite da última quarta-feira. O entregador Matheus Fernandes, de 18 anos, relata que havia se dirigido à loja Renner para trocar um relógio que comprara de presente para seu pai. Ele foi retirado da loja pelos dois policiais, que prestavam serviços de "apoio de inteligência" a uma empresa de segurança terceirizada do Ilha Plaza Shopping.

Matheus afirma que sofreu agressões física, foi arrastado pelos PMs até a escada de emergência e chegou a ter uma arma apontada contra sua cabeça, mesmo enquanto tentava mostrar a nota fiscal do relógio. Ainda segundo o rapaz, a situação só foi amenizada quando outros funcionários do shopping intervieram e gritaram para que os policiais cessassem as agressões.

O delegado titular da 37ª DP, Marcus Henrique Alves, afirma haver indícios de que os PMs cometeram crimes de racismo e abuso de autoridade. Parte fa ação dos policiais foi filmada. Na última sexta, ele ouviu funcionários do shopping como testemunhas e o próprio Matheus. Pelas imagens registradas, o delegado disse que o jovem não oferecia risco e a abordagem foi "inadequada", e ocorreu em "função de sua cor".

O promotor Sauvei Lai, da 30ª Promotoria de Investigação Penal, está acompanhando o caso. Em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, ele afirmou que os recentes episódios noticiados de racismo no Rio e em São Paulo, onde houve agressão contra um entregador de aplicativos durante uma entrega, são oportunidade para o Ministério Público e a polícia punirem racistas com o rigor da lei.

— O inquérito foi instaurado pra apurar as circunstâncias de um crime de racismo, que é a lei 7716. Com a descoberta que eles são policiais militares, e atuando como policial numa abordagem policial de forma tão desproporcional, eles responderão por um segundo crime: o crime de abuso de autoridade da nova lei 13.869/2020 — explicou ele, sobre o caso no shopping

Em nota, o Ilha Plaza Shopping afirmou que a empresa terceirizada que fazia a segurança foi afastada imediatamente pela administração do shopping. Já a Polícia Militar respondeu que a Corregedoria abriu uma apuração sumária para verificar a conduta dos policiais.

Na manhã desta segunda, o Ilha Plaza manifestou repúdio ao caso e afirmou que "Nesse momento de maior “calor”, pedimos à sociedade civil, órgãos e entidades que aguardem a apuração completa dos fatos para que as medidas necessárias sejam tomadas. Diante de um cenário de racismo estrutural em esfera global, é papel de todos, assim como do Ilha Plaza Shopping, transformar e lutar por um mundo igualitário. Reafirmamos o nosso compromisso em adotar medidas para contribuir com essa luta, que é de toda a sociedade e também nossa".

Fonte: Extra Online.