19 de abril de 2024
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Projeto Dar a Luz

Projeto social garante que recém-nascidos sejam entregues para adoção

Iniciativa é desenvolvida na Maternidade Cândido Mariano, na Capital

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Um projeto social que tem objetivo de garantir que todos os recém-nascidos sejam entregues para adoção, e ainda, oferece suporte psicológico para as mães que desejam entregar os bebês. Assim pode ser resumido o Projeto Dar a Luz, idealizado pela juíza Katy Braun, a psicóloga, Sandra Regina Monteiro Salles e a assistente social, Vanessa Vieira. 

Segundo as profissionais, a ideia surgiu ao perceberem que existe uma grande quantidade de mulheres que abandonam seus filhos ou procuram desconhecidos para assumirem a criação, por não saberem que entregar o bebê à adoção não é crime. 

Além disso, a proposta é uma alternativa para as mulheres que têm uma gravidez indesejada não praticarem o aborto, que não é permitido no Brasil. 

TESTEMUNHOS 

“Já aconteceu de mães chegarem na recepção ou depois do parto e falarem que não querem levar o bebê para a casa”, relata Taline Mara Ricardino, assistente social da Maternidade Cândido Mariano. Essa prática é comum e não acontece apenas em um grupo específico de gestantes.

“Tivemos pacientes advogadas, mulheres de classe média alta e bem instruídas. A variedade de motivos para entregar o recém-nascido é muito grande”, complementa.

“Também teve uma menina do interior que estava estudando na capital e os pais não sabiam que ela estava grávida. Então, ela entregou o bebê e a justificativa foi de não interromper o sonho da família de vê-la se formar na faculdade”, revela a assistente social. Para alguns estes motivos parecem questionáveis e muitos até julgam. Mas será que as mulheres que doam seus bebês para adoção devem ser estigmatizadas?

Para a psicóloga da Maternidade Cândido Mariano, Jackeline Medeiros, a mãe que entrega o filho para adoção é uma temática polêmica desde os tempos mais antigos porque abala um dos pilares da sustentação da família, que é a mulher maternando, e que ao mesmo tempo torna-as estigmatizadas e vistas com estranhamento quando não ocorre.

“Não cuidar do seu próprio filho é tido como algo monstruoso, que mexe com o pensamento da sociedade”, analisa.

“Mas quantas famílias hoje são felizes porque tiveram seus filhos por meio da adoção? Muitas pessoas tem problemas de fertilidade, por exemplo. Talvez, se não fossem essas mães doando eles não seriam pais. Por isso, a sociedade precisa entender que entregar um filho não é errado, não é feio, não é proibido e não é um crime. É legal, a lei ampara. É um ato de amor”, explica a profissional de psicologia.

Para Jackeline, a entrega do filho em adoção é um ato de consciência e não de abandono. “A mãe reconhece que não pode, por algum motivo, maternar essa criança. Então, ela está dando a esse bebê a oportunidade de ser cuidado e ter uma família através de outras pessoas. E isso é amor também”, finaliza.

HISTÓRICO DO PROJETO

Criado em setembro de 2011, o Projeto Dar a Luz foi lançado pela Vara da Juventude, da Infância e do Idoso (VIJI) de Campo Grande, com o objetivo de dar apoio às gestantes que querem colocar seus filhos para adoção.

A intenção é oferecer um serviço de acolhimento e orientação a essas mulheres, favorecendo a reflexão sobre o processo de decisão e sobre a importância da entrega responsável.

Na Vara, é disponibilizado à gestante um espaço onde ela é ouvida por uma psicóloga e uma assistente social, recebe orientação sobre como conduzir com responsabilidade a gestação, as implicações de sua decisão, além de orientações sobre como agir diante de eventuais assédios para entregar de forma ilegal a criança.

Se o único impedimento da mãe para maternar é a falta de condições materiais, a gestante é inserida na rede municipal de proteção para receber o apoio necessário.

Quem deseja adotar deve estar habilitado na Vara da Infância e Juventude. Após participar do Curso de Preparação à Adoção, os pretendentes serão orientados, avaliados e preparados pela equipe de profissionais da Vara da Infância. 

 
 
 

*Com informações da Assessoria de Comunicação