28 de março de 2024
Campo Grande 26ºC

Renúncia

Renúncia de Jean Wyllys ao terceiro mandato é oficializada na Câmara

A- A+

A Câmara dos Deputados publicou na edição desta terça-feira (29) do seu “Diário Oficial” a renúncia do deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) ao mandato para o qual tomaria posse nesta semana.

Wyllys anunciou na semana passada que abriria mão do seu terceiro mandato parlamentar em razão de ameaças de morte que vinha recebendo.

No documento endereçado ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), Wyllys informa, "em caráter irretratável", que não tomará posse no mandato.

Ele acrescenta que as razões estão explicitadas na carta que enviou ao seu seu partido, o PSOL, e que anexou na comunicação à Câmara.

Com a renúncia oficial de Wyllys, a Câmara pode a partir de agora tomar as providências para que o seu suplente na vaga, o vereador carioca David Miranda (PSOL-RJ), assuma na sexta-feira (1º).

Wyllys está no exterior em um país não informado e disse que não pretende voltar ao Brasil.

Na semana passada, ao anunciar a sua renúncia, Wyllys publicou em uma rede social: "Preservar a vida ameaçada é também uma estratégia da luta por dias melhores. Fizemos muito pelo bem comum. E faremos muito mais quando chegar o novo tempo, não importa que façamos por outros meios!". Trajetória

Eleito em outubro com 24.295 votos, Wyllys foi o primeiro deputado gay assumido e tinha como principais bandeiras pautas relacionadas às causas LGBT e para minorias.

Na Câmara dos Deputados, Wyllys era alvo constante de provocações por parte dos colegas parlamentares e, durante as sessões no plenário e nas comissões, chegou a bater boca diversas vezes com adversários.

O episódio mais polêmico ocorreu durante a votação da abertura do processo de impeachment da então presidente Dilma Rousseff, em 2016. Wyllys cuspiu no então deputado Jair Bolsonaro e foi punido pelo Conselho de Ética da Câmara com uma censura escrita.

À época, Jean Wyllys disse ao jornal "O Globo" que havia cuspido em Bolsonaro porque, após votar contra o prosseguimento do impeachment, Bolsonaro o insultou.

Depois da decisão do Conselho de Ética, Wyllys soltou nota em que afirmava que cuspiu porque teve "uma reação espontânea, humana, contra os xingamentos e agressões que há anos" recebia na Câmara em razão da sua orientação sexual e posições políticas. "O grau de violência, desrespeito e ofensas que recebo desde que estou deputado é intolerável", dizia a nota.

O mesmo fato gerou outras duas representações do PT no Conselho de Ética, contra o deputado Eduardo Bolsonaro (PSC-SP).

A primeira representação acusava Eduardo Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro, de ter revidado o cuspe dado em seu pai ao cuspir de volta em Jean Wyllys. A segunda dizia que ele havia editado e divulgado um vídeo que dava a entender que o deputado do PSOL havia premeditado o cuspe e não que tivesse sido uma reação. Ambos os processos acabaram arquivados