19 de abril de 2024
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ANASTÁCIO | INVESTIGAÇÃO

Defesa de suspeito de estupro diz que delegada de Anastácio mente para se promover

Advogado suspeito e familiares envolvidos estão livres; delegada disse que meninas de 11, 12 e 15 eram abusadas com consentimento da família

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Após a delegada titular da Delegacia de Atendimento à Mulher (DAM) Joilce Silveira Ramos se revoltar com a soltura do advogado, de 44 anos, preso em 24 de novembro e liberado no dia 28 de novembro, acusado de estuprar meninas de 11, 12 e 15 anos com a conivência de seis parentes que também foram soltos pelo juiz Luciano Pedro Beladelli da Comarca de Anastácio. O advogado Leandro Sampaio Pereira, que faz a defesa do suspeito, por meio de nota enviada à imprensa ontem (1º.dez) disse que a delegada mente com a intenção de influenciar a opinião pública e que todas as acusações feitas por ela são falsas, segundo a defesa, feitas para se promover. “Observa-se que faltando menos de um ano para se aposentar, e com méritos poucos expressivos em sua carreira, a Titular da Delegacia da Mulher de Aquidauana procura nesse momento, e a todo custo, buscar algo que não conseguiu durante toda sua vida”, atacou. 

A nota ainda diz: “Muito embora o advogado e as adolescentes tenham indicado a localidade da lanchonete onde teria encomendado os lanches e explicado que estariam apenas passeando na rua até que os mesmos ficassem prontos, em momento algum a Delegada se preocupou em verificar a veracidade dessa afirmação”, destacou. 

Ainda segundo a nota de defesa do suspeito, o que realmente teria acontecido foi que houve uma abordagem policial em frente à Rodoviária de Anastácio promovida pela Delegada com o apoio de uma viatura da Polícia Militar, onde,a segundo a defesa, foi encontrada uma lata de cerveja e uma garrafa de “ice” vazia, mas sem nenhum indicativo do crime de estupro de vulnerável. “Como quis fazer crer aquela policial”, diz a nota.  

A defesa do advogado ainda acrescenta: “Até quem é leigo no assunto logo se percebe a total fragilidade e falta de fundamento na acusação, pois quem conhece Anastácio sabe que a Rodoviária fica na região Central, enquanto os motéis onde a Delegada diz que o advogado estaria levando as menores se encontram em bairros afastados e saídas da cidade, portanto, muito distantes do local da abordagem”, afirmou. 

Joilce foi responsável pelas investigações que envolvida o suspeitos e parentes de crianças à uma rede de pedofilia no município. De acordo com a DAM, foram seis meses de investigações e entre os presos estavam os pais e avós das meninas. Após a prisão do suspeito que é advogado, o Judiciário disse que para ficar preso o suspeito teria que ser pego na hora da relação sexual com as menores. Uma das justificativas do judiciário é de que o advogado não foi flagrado em situação de abuso e que, mesmo tendo no carro camisinhas, bebidas e estimulantes sexuais, ainda não haviam provas suficientes para manter a prisão do dele e nem dos familiares das menores. Sem fiança, todos foram liberados.

A delegada havia feito a seguinte declaração após a soltura do suspeito: “Me sinto a pessoa mais burra da face da terra, depois de 5 anos de Direito, depois de 14 anos na Polícia Civil, eu não consegui aprender que pra prender um autor de estupro de vulnerável, eu tenho que esperar ele iniciar o ato sexual, eu tenho que esperar por mais que todas as provas indiquem que ele está indo pra consumar o ato sexual, mas ninguém pode provar, ninguém pode ter certeza. Tenho que esperar ele cometer, ele dar início ao primeiro ato sexual, ou seja, eu teria que esperar ele entrar em seu escritório com as meninas, arrombar a porta e pegar ele em flagrante, praticando o ato sexual, aí sim, ele seria preso em flagrante por estupro de vulnerável, eu estou me sentindo a pessoa mais burra da face dessa Terra” disse a delegada.

Na ocasião da prisão a delegada disse ter encontrado estimulantes sexuais dentro veículo onde estava o suspeito e as meninas. A defesa do advogado diz que tratavam-se de medicamentos. “Os supostos estimulantes sexuais que a Delegada aduz ter apreendido se trata dos medicamentos “Muscular”, “MaxSulid” e “Massagelol”, remédios indicados para dores, articulações e lesões e inflamações musculares”, alegou.  

A defesa ainda confirmou que a menina de 15 anos teria ingerido bebida alcóolica no interior do veículo. Porém diz que o suspeito acreditava que a menina de 15 tinha na verdade 19 anos. “Contudo, ressalta que essa situação será melhor esclarecida em possível instrução processual, onde será demonstrado que o advogado não forneceu nenhuma bebida à menor, além de que até então também acreditava que ela tinha 19 anos”, defendeu. 

O advogado do suspeito diz que a delegada teria prestado informações que identificou as vítimas, e que por isso irá responder judicialmente. "Mas, até onde se sabe, na ânsia de colher apoio popular e se autopromover, além de fornecer notícias incompletas ou até mesmo falsas, a Delegada também acabou prestando informações que acabaram identificando as menores e que, por esse motivo, acredita que possivelmente ela responderá por sua conduta", finalizou. 

O MS Notícias entrou em contato com a Delegada Joilce, que afirmou: "Eu tenho prazo para concluir as investigações. Estou aguardando somente a autorização para degravar os telefones. Vou continuar fazendo meu trabalho e publicando as prisões para incentivar as vítimas e a sociedade a denunciarem", disse Joice.  

A delegada também esclareceu. "O Promotor de Justiça concordou com minhas prisões e também pediu q todas fossem mantidas. Esse cidadão que mandou entregar essa nota se não me falha a memória, já apareceu em rede nacional...mas no caso dele foi com coisa errada", destacou.  

Ainda segundo a delegada, em relação a casos de repercussão ela ja teve vários. "Tive centenas, mais graves que este, mais de 20 entrevistas para MS TV, Jornal Nacional e até Ana Maria Braga", rebateu.  

Ela ainda falou sobre a acusação do advogado de defesa, que ela teria citado o nome das vítimas. "É um desinformado, nenhum nome foi citado!", reforçou. 

Joilce finalizou dizendo que espera que o Ministério Público recorra a soltura do suspeito.  

*A reportagem foi alterada às 12h18 de 2 de dezembro para acréscimo de informação.