29 de março de 2024
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CATÁSTROFE AMBIENTAL| BIOMAS

Aumento do risco de queimadas em MS e estados do Pantanal pode repetir tragédia de 2020

Pelo menos metade do território de Mato Grosso do Sul e MT está sob perigo alto ou crítico para incêndios

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Números atuais nada positivos - e futuros desanimadores - mostram que as queimadas devem ser ainda mais fortes em 2021, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. O monitoramento do Inpe indica, já para os próximos dias, um aumento do risco de queimadas na região de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e estados do Pantanal

Dados compilados pela Agência Folhapress, do Programa Queimadas - do Inpe - apontam que, pelo segundo ano consecutivo, o mês de junho registrou  o maior número de queimadas desde 2007, sendo 2.308 focos de incêndios no bioma. Em 2020 foram 2.248 registros.

Segundo o portal Brasil de Fato, em análise dos dos satélites do Inpe, pelo menos metade do território de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, está sob perigo alto ou crítico para incêndios. 

Ainda, esse cenário deve piorar mais para o restante da semana. Também o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais apontou que a maior parte do MS apresentou seca severa ou extrema em maio.

Já no Estado vizinho, havia mais pontos passando por seca fraca a moderada, mas locais em situação mais grave também foram identificados.    

Especialista sênior em Políticas Públicas do Observatório do Clima, Suely Araújo é ex-presidenta do Ibama e aponta um claro despreparo do poder público para enfrentar o momento, ressaltando que por conta dos incêndios, só em 2020, esse Bioma perdeu 26% da biodiversidade. 

Entretanto, segundo o Observatório do Clima, existe dinheiro parado no Ministério do Meio Ambiente, que deveria ser aplicado no combate a incêndios no Pantanal. 

"Ano passado a seca foi mais severa do que o normal. O período seco começou antes e as temperaturas foram bastante elevadas. Isso está se repetindo este ano. Na verdade, as chuvas pararam  até antes deste ano, já em abril", ressalta.

Os números atuais levam o período atual do Brasil próximos do cenário que o país enfrentava na década dos anos 2000, com grandes devastações e recorde de queimadas. 

Agora deve começar a estação seca, que consequentemente levam a um número mais alto de queimadas que, por sua vez, estão diretamente ligadas ao processo de desmate. 

Em resposta, na 3ª feira (29.jun.2021), o governo publicou um decreto que proíbe as queimadas em todo o Brasil por 120 dias. Entretanto, é nesse momento de seca que a mata derrubada até mesmo no ano passado, em alguns casos, é queimada.

Mesmo assim, até mesmo esse texto do Governo tem várias exceções que saem em defesa das práticas agrícolas. Com isso, queimas controladas, em áreas não localizadas nos biomas Amazônia e Pantanal, que sejam "imprescindíveis à realização de práticas agrícolas" e previamente autorizadas estão liberadas.

Também pode usar fogo para práticas de prevenção e combate a incêndios "realizadas ou supervisionadas por instituições públicas, trabalhos agrícolas de subsistência de populações tradicionais e indígenas; e atividades de pesquisa que tenham autorização do poder público".

Qualquer tipo de autorização de queima, no território do Pantanal sul-mato-grossense, estão canceladas pelo Governo do Estado, por 120 dias.