19 de abril de 2024
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'FALSA HIERARQUIA' | EXÉRCITO

Comandante que livrou Pazuello de punição é condecorado por Jair Bolsonaro

Presidente deu honrarias à própria esposa, ao substituto de Ernesto Araújo, à Arthur Lira e outros, incluindo seis militares

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Na manhã de hoje (07.jun.2021), o Diário Oficial da União apresentou - após a cúlpula do Exército abolver Eduardo Pazuello - a condecoração do comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito da Defesa, dada também ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). 

Essa guerra de interesses, que desmoraliza a hierarquia do exército se estende desde que o general Eduardo Pazuello optou por participar de um evento político com o presidente, em 23 de maio, três dias após seu depoimento para a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia. 

Além deles, o presidente Jair Bolsonaro apresentou a condecoração de outros seis militares e da própria esposa. Michelle de Paula Firmo Reinaldo Bolsonaro recebeu o grau de Grande-Oficial da Ordem do Mérito da Defesa. Também o substituto de Ernesto Araújo no Itamaraty, chanceler Carlos Alberto de Franco França e o genenral Luiz Carlos Gomes de Mattos, Presidente do Superior Tribunal Militar são outros agraciados

Ainda na última 5ª feira (03.jun.2021), o Exército Brasileiro comunicou a não punição, esperada para o general da ativa. O [antes acatado] Regimento Disciplinar do Exército proíbia que militares da ativas participassem publicamente de atos de cunho político-partidário, que teve Pazuello como exeção. Vale ressaltar que, além do ato de indisciplina, Pazuello desrespeitou protocolos sanitários contra o contágio do coronavírus,

Ato político aconteceu em 23 de maio, três dias após depoimento de Eduardo Pazuello na CPI

"Acerca da participação do General de Divisão Eduardo Pazuello em evento realizado na Cidade do Rio de Janeiro, no dia 23 de maio de 2021, o Centro de Comunicação Social do Exército informa que o Comandante do Exército analisou e acolheu os argumentos apresentados por escrito e sustentados oralmente pelo referido oficial-general. Desta forma, não restou caracterizada a prática de transgressão disciplinar por parte do General Pazuello. Em consequência, arquivou-se o procedimento administrativo que havia sido instaurado", argumenta a nota assinada pelo Centro de Comunicação Social do Exército. 

Nas palavras do jornalista e escritor Ribamar Fonseca, depois de demitir o comando das Forças Armadas por não se alinharem em seu projeto de poder: "Bolsonaro agora humilha o comando do Exército, obrigando-o a engolir a indisciplina do general Pazuello, que participou – e até discursou – de ato político de apoio a ele, infringindo regulamento militar".

Vice-presidente, o general da reserva Hamilton Mourão (que já foi punido duas vezes por fazer declarações políticas) chegou a declarar que uma punição era adequada para Pazuello, sob risco de uma decisão contrária alimentar uma anarquia.

Hoje (07.jun.2021) pela manhã, entretanto, tratou o assunto como "página virada". “Já dei minha opinião como aquele estado entre a dúvida e a certeza, que vocês sabem disso. Eu não comento a decisão e, por disciplina intelectual, esse assunto é página virada e segue o baile”, argumentou o general na chegada ao Palácio do Planalto. 

** (Com informações BBC Brasil, Correio Braziliense e Brasil de Fato)